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Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo celebra defesa da democracia

No marco dos 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, um dos principais símbolos da resistência à ditadura militar no Brasil, a 47ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos celebrou reportagens comprometidas com a defesa da democracia, dos direitos humanos e da justiça social. A cerimônia ocorreu na noite de segunda-feira (27), no Teatro Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), local tradicional do evento, e foi marcada por fortes reverberações históricas e políticas.

O ato de abertura trouxe imagens do ecumênico realizado na Catedral da Sé no sábado anterior, local emblemático em São Paulo onde há 50 anos, em 1975, foi realizada uma cerimônia inter-religiosa que reuniu cerca de 8 mil pessoas em desafio ao regime militar que governava o país. Na ocasião, a presidente do Superior Tribunal Militar fez um gesto histórico, pedindo perdão às vítimas do regime, incluindo mortos, desaparecidos, torturados e seus familiares.

Ivo Herzog, filho do jornalista, lembrou a importância da memória para o futuro do Brasil: enfatizou que o nome de seu pai simboliza a resistência e que o Prêmio Vladimir Herzog é um tributo vivo aos que corajosamente denunciam violações, mesmo sob risco pessoal. A edição deste ano marcou também a criação de uma nova categoria dedicada às reportagens focadas na defesa da democracia, com destaque para produções que analisam ataques ao Estado Democrático de Direito e as respostas institucionais brasileiras para sua proteção.

Entre os vencedores da nova categoria estiveram a reportagem “Os kids pretos: O papel da elite de combate do Exército nas maquinações golpistas”, publicada na Revista Piauí, e o documentário “8/1 – A democracia resiste”, exibido pela GloboNews. O programa “Caminhos da Reportagem”, da TV Brasil, recebeu menção honrosa pela série “Mães de Luta”, que retrata a busca por justiça e reparação por mulheres que perderam entes queridos em casos de violência policial, reforçando a dimensão humanitária e de direitos humanos presentes no jornalismo premiado.

Vladimir Herzog morreu em 25 de outubro de 1975, após ser preso e submetido a tortura no DOI-CODI, órgão do Exército responsável pela repressão política durante a ditadura. Oficialmente, o regime alegou suicídio, mas essa versão foi desmentida por fotos e testemunhos, que revelaram uma farsa. Herzog, então diretor de jornalismo da TV Cultura, havia se apresentado voluntariamente para prestar depoimento, sendo detido ilegalmente. Seu assassinato mobilizou setores da sociedade e marcou a intensificação da luta contra a repressão autoritária.

A memória de Herzog perpassa também a reparação e o enfrentamento das consequências do regime militar, como exemplificado pela recente concessão de pensão à sua viúva. A cerimônia do prêmio reforçou que a consolidação de uma democracia sólida depende da coragem para confrontar as duras verdades do passado e proteger os direitos hoje ameaçados.

O Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog permanece, portanto, como um símbolo de resistência e compromisso ético, incentivando o jornalismo que esclarece, denuncia e luta pela justiça social e pela defesa intransigente da democracia no Brasil atual.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)