A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada no Brasil, encerrou-se com avanços significativos na agenda de adaptação às mudanças climáticas e no desenvolvimento de novas ferramentas para a implementação internacional das metas climáticas. A presidência brasileira destacou a reorganização do complexo pacote de adaptação, reduzindo o número de indicadores de mais de 100 para 59, com o compromisso de continuar as discussões em futuras conferências. Este avanço reflete um consenso importante em um tema historicamente desafiador, além de impulsionar o financiamento internacional necessário, com a meta ambicionada de triplicar os recursos destinados à adaptação até 2035.
No âmbito da transição energética, o debate sobre o fim da dependência dos combustíveis fósseis ganhou destaque, embora tenha sido um tema sensível e sem consenso pleno. Inspirada pelo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidência brasileira pôs o tema no centro das discussões, abrindo espaço para uma agenda estruturante que busca elaborar um roadmap, ou mapa do caminho, para que os países se afastem gradativamente do uso de petróleo, carvão e gás natural. Contudo, o processo enfrenta resistências diplomáticas, principalmente pela complexidade de equilibrar os interesses dos países desenvolvidos, que já têm trajetórias definidas para a descarbonização, com os países em desenvolvimento, muitos deles ainda dependentes economicamente dos combustíveis fósseis e que necessitam de apoio financeiro e tecnológico para essa transição justa.
A conferência destacou também o fortalecimento do Acelerador Global de Ação Climática, um espaço permanente fora das negociações formalizadas para impulsionar medidas concretas, e o estabelecimento de um fórum internacional dedicado a explorar as interseções entre comércio e clima, especialmente relevante para o Brasil. Outras conquistas importantes incluem o reconhecimento dos grupos afrodescendentes como vulneráveis às mudanças climáticas, o reforço do papel das terras indígenas na proteção dos sumidouros de carbono e a ampliação da participação de comunidades locais na formulação de políticas climáticas.
O legado da COP30 vai além dos acordos formais, ampliando a compreensão pública sobre a crise climática e valorizando os saberes das populações amazônicas, emblemáticas quanto aos desafios do isolamento, falta de acesso a recursos básicos e impactos ambientais. A proteção das florestas tropicais, assim como o mecanismo inovador do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que visa alavancar investimentos privados por meio de recursos públicos, foi outro ponto destacado como crucial para a bioeconomia e para mitigar os efeitos do desmatamento.
Apesar dos progressos, a COP30 foi avaliada como um evento que marcou passos firmes, porém ainda insuficientes, diante das graves desafios globais. A expectativa é que a conferência inspire maior compromisso para romper com os interesses econômicos que sustentam a dependência dos combustíveis fósseis, acelere a transição para energias renováveis e assegure um financiamento robusto para os países mais vulneráveis, garantindo que a agenda climática evolua de promessas para ações efetivas, em busca do cumprimento das metas do Acordo de Paris e da limitação do aquecimento global a 1,5ºC.

