# Inep nega vazamento e classifica anulação de questões como ação preventiva
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios, declarou nesta terça-feira (2 de dezembro) que não houve vazamento de questões do Enem 2025. Segundo ele, o que ocorreu foi uma tentativa de reprodução de itens memorizados por participantes do pré-teste do exame. “Não houve vazamento, o que houve foi uma tentativa de reprodução de itens memorizados a partir da participação no pré-teste. Ninguém viu a prova do Enem antes de ela ser aplicada, além dos que elaboraram as provas”, explicou Palacios durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
O Enem 2025 teve três questões anuladas pelo Inep após identificar semelhanças entre perguntas que circularam na internet e aquelas presentes na avaliação oficial. As questões canceladas foram a de número 123 (fotossíntese), 132 (grito) e 174 (parcelamento de R$ 60 mil), duas de Ciências da Natureza e uma de Matemática, segundo a numeração da prova azul. A anulação ocorreu dias após o segundo dia de aplicação do exame, realizado em 16 de novembro.
De acordo com o Inep, as questões divulgadas foram memorizadas por participantes que realizaram o pré-teste do Enem, etapa de aplicação experimental e sigilosa de novas questões antes de sua inclusão no Banco Nacional de Itens (BNI). O pré-teste é fundamental para a elaboração do Enem, permitindo ordenar as questões por nível de dificuldade através da Teoria da Resposta ao Item (TRI). “Não há como realizar um exame como o Enem sem a realização de pré-testes”, destacou Palacios, garantindo que esses testes utilizam os mesmos protocolos de segurança do exame oficial.
A polêmica começou quando o estudante de medicina Edcley Teixeira divulgou questões semelhantes às do Enem 2025, algumas delas em uma live realizada apenas cinco dias antes da prova. Investigações posteriores revelaram que pelo menos oito perguntas apresentavam similaridades com itens aplicados no exame. Edcley teria identificado que questões do Prêmio CAPES Talento Universitário, prova opcional para estudantes do primeiro ano de graduação, serviam como pré-testes para futuras edições do Enem, memorizando-as para sua mentoria com estudantes.
Apesar da revelação de que outras duas questões também circularam em grupos de WhatsApp de Edcley após a anulação das primeiras três, o Inep reafirmou que nenhuma questão adicional será cancelada. A instituição argumenta que “a eventual memorização parcial e aleatória entre as milhares de questões pré-testadas para o Enem nos últimos anos não compromete a integridade do exame”. Palacios explicou que a decisão de anular apenas três questões foi tomada como medida preventiva em meio a incertezas sobre o alcance das divulgações antecipadas. “Tínhamos na mão 900 questões que foram abordadas por esse jovem, e a comissão decidiu anular essas três pela semelhança que tiveram. A anulação dessas três foi algo preventivo”, comentou.
O presidente do Inep negou também qualquer comprometimento da segurança do exame. “Não há risco técnico algum nesse episódio. Não há a menor chance de que um item memorizado por um estudante afete a segurança do Enem”, afirmou. Segundo Palacios, a anulação de alguns itens não altera a precisão da prova para estimar a proficiência dos candidatos, mantendo a validade e lisura do processo de avaliação.
A Polícia Federal foi acionada para investigar a conduta e autoria na divulgação das questões, buscando apurar possível quebra de confidencialidade ou ato de má-fé. A investigação visa verificar se houve compartilhamento indevido de conteúdos pré-testados e se os protocolos rigorosos de segurança foram violados em alguma etapa do processo.
Enquanto a situação continua sendo investigada, especialistas como Maria Helena Castro, ex-presidente do Inep, defendem a ampliação do Banco Nacional de Itens para evitar repetições futuras e reduzir a dependência de pré-testes. O banco vem sendo criticado há anos por não possuir o volume ideal de questões calibradas para abastecer não apenas o Enem, mas também outras avaliações educacionais.

