Em visita oficial à Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas à atual situação global, ressaltando que a **falta de lideranças é um dos principais problemas para conter os conflitos e a fome no mundo**. Durante evento conjunto com o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, em Kuala Lumpur, Lula afirmou que, na ausência de lideranças efetivas, os piores cenários podem se concretizar, como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, que classificou como genocídio contra a Palestina.
O presidente destacou que esses conflitos, bem como os desastres ambientais, decorrem da incapacidade dos instrumentos de governança global atuais. Para ele, o Conselho de Segurança da ONU e outras instituições multilaterais não têm mais funcionado adequadamente — “todas as guerras recentes foram decididas por membros do Conselho de Segurança”, relatou. Lula questionou como a humanidade pode aceitar a continuidade de uma guerra dura entre Ucrânia e Rússia e o prolongado sofrimento na Faixa de Gaza. Ele também denunciou o uso da fome como forma de violência e tortura contra crianças, mostrando indignação pela normalização dessa situação.
Sobre o meio ambiente, o presidente brasileiro criticou a irresponsabilidade dos países diante da crise climática, afirmando que é preciso uma “COP da verdade” em 2025, na conferência que o Brasil sediará em Belém. Lula pediu aos líderes mundiais coragem para tomar decisões definitivas para salvar o planeta, ressaltando que a governança global é fundamental para esse enfrentamento.
No âmbito das relações bilaterais, Lula destacou a importância da parceria entre Brasil e Malásia, que já movimenta cerca de US$ 5,8 bilhões anuais em comércio. Ele ressaltou que a visita transcende interesses comerciais, abrindo possibilidades para cooperação em ciência e tecnologia e marcando o início de uma nova etapa na relação entre os países, que não contava com visita presidencial brasileira há 30 anos. Ao defender que o humanismo não deve ser derrotado pela tecnologia, Lula afirmou que o mundo precisa de paz, livre comércio e mais comida para a população, em vez de mais armas e protecionismo.
Durante o evento em Kuala Lumpur, Lula reforçou ainda sua defesa do papel do Estado no amparo às populações mais vulneráveis, colocando “cuidar das pessoas mais humildes” como uma missão quase bíblica para governantes. O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, que homenageou Lula com o título de doutor honoris causa pela Universidade Nacional da Malásia, destacou o encontro como uma demonstração de amizade e alinhamento político entre os dois países, confirmando a intenção de ampliar a parceria em diversas áreas.
A visita de Lula à Malásia, portanto, serviu tanto para denunciar as falhas da política internacional atual quanto para firmar compromissos de cooperação e reforçar valores humanistas necessários para enfrentar desafios globais, como a fome, os conflitos armados e as mudanças climáticas.

