O Procurador Regional Eleitoral Renan Paes Félix apontou nesta quinta-feira (30) uma possível aliança entre a gestão municipal de Cabedelo e facções criminosas, centrada nas nomeações feitas pelo ex-prefeito Victor Hugo. A declaração veio durante o julgamento de recurso contra a cassação do atual prefeito André Coutinho, reforçando suspeitas de vínculos entre a administração pública e o crime organizado na cidade paraibana.
Segundo Renan Paes Félix, Victor Hugo teria realizado exonerações que indicam um esforço para desarticular a influência direta de apadrinhados do traficante conhecido como Fatoca. No entanto, a ação foi seletiva, retirando apenas aqueles que estavam formalmente ligados ao grupo criminoso, o que evidencia uma complexa relação entre gestão pública e facções. O procurador ressaltou que essas ações não são casos isolados, mas revelam uma aliança preocupante entre o poder municipal e organizações criminosas atuantes na região.
As investigações que subsidiam essas acusações têm origem nas operações En Passant 1 e 2, conduzidas pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco). Os inquéritos investigam o uso indevido de recursos públicos para fins eleitorais, abuso de poder político e econômico, coação ao voto, lavagem de dinheiro e peculato, configurando um quadro grave de corrupção e crime organizado no município.
No julgamento, o procurador manifestou-se pelo desprovimento do recurso do prefeito André Coutinho e do vereador Márcio Alexandre, mantendo as penalidades. Por outro lado, recomendou o provimento do recurso da vice-prefeita Camila Holanda, por entender que ela não teve participação direta nas irregularidades apontadas.
Este caso reforça a atenção das autoridades eleitorais e judiciais para o combate ao crime organizado em administrações municipais, destacando a complexidade e o impacto desse tipo de aliança na política local e na gestão dos recursos públicos em Cabedelo.