Home / Brasil e Mundo / Professores fazem a primeira edição da Prova Nacional Docente

Professores fazem a primeira edição da Prova Nacional Docente

Rio de Janeiro testemunhou neste domingo, 26 de outubro, a chegada de um novo capítulo para a educação brasileira: mais de um milhão de professores e futuros docentes se apresentaram nos locais de prova para a estreia da Prova Nacional Docente (PND), avaliação emblemática que pretende revolucionar os processos de seleção de professores em todo o país. Entre os participantes, destacou-se a professora Ingrid Nascimento Abreu, de 60 anos, que leciona para educação infantil e crianças autistas na rede municipal de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Antes mesmo do meio-dia, quando os portões do Colégio Estadual Julia Kubitschek, no centro do Rio, foram abertos, Ingrid já estava no local, ansiosa por conquistar novas oportunidades profissionais. “Estou disposta a ser chamada para trabalhar em qualquer cidade ou estado que reforce a valorização do magistério”, disse com esperança.

A realização da PND segue um calendário nacional estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Inep, com inscrições encerradas em julho e a aplicação das provas marcada para este 26 de outubro. A proposta é que o exame se torne anual, seguindo o modelo de um “Enem dos professores”, com o objetivo de avaliar a formação, habilidades e competências dos profissionais do ensino, além de servir como ferramenta para estados e municípios na contratação dos melhores candidatos. No total, 1.508 municípios e 22 estados aderiram à prova — o que indica sua relevância imediata na política educacional do país. No primeiro ano, foram registradas cerca de 1,1 milhão de inscrições, tamanho o interesse de professores em busca de estabilidade e reconhecimento.

A estrutura da PND é composta por duas etapas: uma de formação geral, com 30 questões objetivas e uma discursiva, abrangendo temas pedagógicos e transversais; e outra de componente específico, com 50 questões de múltipla escolha, focadas nos conteúdos próprios da área de atuação do participante. Ao todo, os candidatos têm cinco horas e meia para concluir a prova, refletindo a complexidade e o rigor exigidos pela seleção. Estados e municípios que aderiram ao sistema terão autonomia para decidir como utilizar os resultados, podendo substituir concursos próprios ou incorporar a PND como nova etapa em seus processos seletivos.

Para muitos, como Neanderson Rodrigues, professor temporário de jovens e adultos em Brasília, a PND representa a esperança em uma mudança de patamar na carreira. “Minha aposta é que secretarias estaduais e municipais vão aproveitar os resultados para selecionar professores qualificados”, disse ele. A PND, portanto, vai além de ser apenas uma prova: ela inaugura um novo momento para o acesso e a valorização dos profissionais do magistério, inserindo o Brasil em uma tendência internacional de padronização e reconhecimento das carreiras docentes.

No interior dos colégios pelo país, houve um misto de expectativa, nervosismo e entusiasmo. Ingrid Nascimento Abreu, que dedica sua trajetória profissional ao ensino de crianças, especialmente do espectro autista, simboliza esse novo ciclo: a busca por oportunidade, a certeza do recomeço e a crença de que o país pode, sim, avançar na qualidade da educação básica. Enquanto aguarda o resultado, que será divulgado em dezembro, ela planeja o futuro disposta a enfrentar novos desafios, seja na cidade natal ou em qualquer município que reconheça o valor do seu trabalho. A PND, além de selecionar, promete colocar a educação no centro do debate nacional e, quem sabe, abrir portas para um novo reconhecimento profissional para milhares de professores como Ingrid.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)