O Hospital Moinhos de Vento, em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, lançou o projeto Ártemis-Brasil para investigar a genética de pacientes acometidos por acidente vascular cerebral isquêmico. Essa iniciativa multicêntrica pretende mapear variantes genéticas que influenciam o risco de desenvolvimento da doença, sua evolução clínica e a resposta aos tratamentos, abrangendo 1.000 voluntários de diversas regiões do país.
O AVC isquêmico, que representa 85% dos casos totais segundo dados oficiais, ocorre pela obstrução de uma artéria cerebral, bloqueando o fluxo de oxigênio e causando a morte de células cerebrais. Essa interrupção pode ser provocada por um trombo, na forma de trombose, ou por um êmbolo, caracterizando a embolia. A pesquisa, que se estende ao longo do triênio 2024-2026, envolve dez centros do SUS distribuídos pelas cinco regiões brasileiras, incluindo o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro, em Belo Horizonte, referência no tratamento da doença com 35 leitos dedicados.
Durante 12 meses, os participantes – metade com histórico de AVC isquêmico e a outra metade sem – terão seus dados clínicos monitorados e passarão por análises avançadas de perfis genéticos e farmacogenômicos. A neurologista Ana Cláudia de Souza, do Hospital Moinhos de Vento e investigadora principal do projeto, destacou que o risco genético não afeta apenas o AVC diretamente, mas também condições associadas como hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes, que agravam as chances de o evento ocorrer.
Os resultados esperados visam identificar perfis de alto risco, aprimorar estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento, e integrar a medicina genômica à prática clínica do SUS. Além disso, o estudo promoverá a capacitação de profissionais de saúde em abordagens personalizadas, podendo pavimentar o caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias mais precisas, adaptadas à população brasileira. Para instituições como o Hospital Célio de Castro, a participação representa uma oportunidade de alto impacto na pesquisa nacional sobre AVC.

