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Projeto usa robótica para reintegrar jovens privados de liberdade

“**Sawabona**” é uma palavra da língua zulu que transmite um profundo significado cultural e filosófico na África Austral: “Eu te vejo, você é importante e obrigado por você existir”. Essa saudação expressa o reconhecimento da importância do outro e a valorização da pessoa além dos seus erros. Na resposta a essa saudação, diz-se “**shikoba**”, que significa “Eu existo e sou bom para você”, reforçando o vínculo de aceitação e existência mútua.

Essa filosofia da comunidade zulu promove a ideia de que a identidade e a dignidade do indivíduo dependem do reconhecimento do grupo. Quando alguém comete um erro, em vez de puni-lo, a comunidade reúne-se para lembrar suas qualidades e virtudes, resgatando a pessoa pelo que ela tem de positivo. Essa prática busca restaurar os laços sociais e evitar o isolamento, valorizando a reintegração em vez da exclusão.

Inspirado por esses valores, o estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas Daniel Messias, que atua no Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), aplica essa visão restaurativa na educação de jovens privados de liberdade. Ele ensina robótica para jovens que passaram por unidades socioeducativas em Pernambuco, enfatizando a recuperação das pessoas por suas qualidades e potenciais, não por seus erros. Messias acredita que essa abordagem pode ajudar a superar a atual “necropolítica”, termo do filósofo Achille Mbembe que se refere à prática de marginalizar e destruir narrativas, sonhos e possibilidades de grupos vulneráveis, especialmente jovens negros.

O projeto de robótica conduzido por Messias permite que os jovens desenvolvam habilidades técnicas e ao mesmo tempo se reencontrem com sua dignidade e valor social. O robô seguidor de linha, criado por esses jovens, simboliza não apenas um avanço tecnológico, mas o fortalecimento de perspectivas de futuro e reintegração social que essa metodologia propicia.

Assim, a saudação “sawabona” e sua resposta “shikoba” são mais do que palavras: são uma filosofia baseada na valorização do ser humano, que nortearam projetos educacionais e sociais inovadores com impacto na reintegração de pessoas privadas de liberdade, apontando caminhos alternativos ao sistema punitivista tradicional.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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