Reino Unido sanciona líder do movimento de assentamentos israelenses e suspende negociações comerciais com Israel

O governo do Reino Unido anunciou sanções contra Daniella Weiss, figura central do movimento de colonos israelenses e conhecida como a “madrinha” desse movimento. Weiss, de 79 anos, lidera o grupo radical Nachala (“Pátria”), que também foi alvo das medidas britânicas. As sanções fazem parte de uma resposta internacional crescente à violência e à intimidação sofridas por comunidades palestinas nos territórios ocupados por Israel.

Em setembro de 2024, a Assembleia Geral da ONU adotou resolução exigindo que Israel “ponha fim sem demora à sua presença ilegal” no Território Palestino Ocupado e o faça dentro de 12 meses”. O texto adotado com 124 votos favoráveis reafirma ilegalidade da ocupação israelense, em consonância com parecer da Corte Internacional de Justiça; decisão implica em retirada de forças militares e evacuação de colonos israelenses, bem como revogação de leis e políticas que “criem ou mantenham a situação ilícita”. 

Quem é Daniella Weiss?

Daniella Weiss é uma das mais proeminentes líderes do movimento de assentamentos judaicos em áreas da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, territórios ocupados por Israel desde a guerra de 1967. Por décadas, ela desempenhou papel-chave na expansão desses assentamentos, considerados ilegais pela maior parte da comunidade internacional e pela ONU.

O governo britânico descreve Weiss como envolvida em “ameaçar, cometer, endossar e facilitar atos de agressão e violência contra indivíduos palestinos”.

Além de Weiss, as sanções atingem outros dois colonos, dois postos avançados não autorizados (Coco’s Farm e Neria’s Farm) e a empresa Libi Construction and Infrastructure LTD, que atua na construção de assentamentos sem aprovação oficial do governo israelense.

Weiss ganhou notoriedade internacional ao aparecer no documentário “The Settlers”, de Louis Theroux, e por sua atuação em tentativas de reconstruir assentamentos na Faixa de Gaza. Em entrevista à BBC News no ano passado, ela afirmou: “Os árabes de Gaza não permanecerão na Faixa de Gaza. Quem permanecerá? Judeus. O mundo é vasto. A África é grande. O Canadá é grande. O mundo acomodará o povo de Gaza. Como conseguimos isso? Promovendo. Os palestinos de Gaza, os bons, serão capacitados. Não estou sugerindo realocação forçada; quero dizer que serão habilitados porque desejam sair”.

Reino Unido suspende negociações comerciais com Israel após escalada em Gaza

O governo do Reino Unido anunciou, nesta terça-feira (20), a suspensão das negociações para um novo acordo de livre comércio com Israel. A decisão foi motivada principalmente pela intensificação da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza e pelo bloqueio à entrada de ajuda humanitária no território palestino.

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, afirmou no Parlamento que a postura do governo israelense, especialmente sob a liderança de Benjamin Netanyahu, tornou impossível dar continuidade às tratativas comerciais. Segundo Lammy, as políticas “flagrantes” adotadas por Israel em Gaza e na Cisjordânia, incluindo o bloqueio à entrada de suprimentos básicos como alimentos, medicamentos e combustível, são “indefensáveis e cruéis”. Ele destacou que essas ações são incompatíveis com os valores britânicos e que o Reino Unido não pode “ficar parado diante dessa nova deterioração”.

Além da suspensão das negociações, o Reino Unido convocou a embaixadora israelense em Londres para prestar esclarecimentos e anunciou sanções contra colonos e organizações envolvidas em violência contra palestinos na Cisjordânia ocupada

O Ministério das Relações Exteriores de Israel classificou as sanções como “injustificadas e lamentáveis”. A medida ocorre em meio a pressões internacionais para que Israel interrompa ações militares em Gaza e permita a entrada de ajuda humanitária. Recentemente, líderes do Reino Unido, França e Canadá emitiram comunicado conjunto pedindo que o governo israelense “cesse suas ações militares” e “permita imediatamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza”.

A decisão britânica reflete um endurecimento do tom internacional diante do avanço dos assentamentos e da escalada do conflito entre israelenses e palestinos. O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, afirmou que as sanções “demonstram nosso compromisso em responsabilizar colonos extremistas, enquanto comunidades palestinas enfrentam violência e intimidação”.

A ONU, por meio do chefe de ajuda humanitária Tom Fletcher, destacou que a quantidade de ajuda permitida a Gaza após o fim parcial do bloqueio israelense é “uma gota no oceano do que é urgentemente necessário”.

Com a escalada das tensões e a suspensão das negociações comerciais, cresce o isolamento internacional do governo israelense, enquanto a situação humanitária na região permanece crítica.