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Reparação e bem-viver: por que marcham as mulheres negras

Na próxima terça-feira, 25 de novembro, Brasília será palco de um dos maiores movimentos sociais e políticos protagonizados por mulheres negras no Brasil. A 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver reunirá cerca de 1 milhão de mulheres de todos os estados e de mais de 40 países, marcando um momento histórico de resistência, luta por direitos e afirmação da existência negra no país.

A mobilização, que retoma o legado da primeira marcha realizada em 2015, tem como centro as pautas de reparação histórica e bem viver. As participantes exigem políticas públicas que garantam acesso a direitos básicos como moradia, emprego, segurança, saúde e educação, além de medidas que promovam mobilidade social e enfrentem as consequências dos séculos de escravidão e marginalização da população negra. O bem viver, entendido como uma vida digna, livre de violência e com pleno exercício da liberdade, é o norte das reivindicações.

A jornada das mulheres negras rumo à capital federal é marcada por obstinação e determinação. Na Paraíba, por exemplo, o termo “teimosar” foi adotado como símbolo da persistência do movimento, inspirado no discurso da líder quilombola Elza Ursulino, que, mesmo enfrentando resistência, insistiu em provocar reflexões e buscar melhorias para sua comunidade. Esse espírito de resistência se espalha por todo o país, com caravanas organizadas desde estados como São Paulo, Ceará e Paraíba, onde comitês estaduais articulam a participação e fortalecem as discussões sobre justiça racial, combate ao racismo, proteção às comunidades tradicionais, políticas de saúde para mulheres negras e ampliação da presença dessas mulheres nos espaços de decisão.

A marcha também é um ato de memória e resistência coletiva. Movimentos de diferentes territórios organizam atividades preparatórias, como debates, oficinas e oficinas de cinema, que articulam política, arte e mobilização social. A expectativa é que o encontro fortaleça alianças, amplie o debate público e coloque a vida das mulheres negras no centro das políticas públicas.

A mobilização será marcada por uma ampla programação, com mais de 60 atividades autogestionadas por organizações de 15 estados brasileiros e redes internacionais de mulheres negras. A concentração está marcada para as 8h30, em frente ao Museu Nacional, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, de onde as participantes seguirão em direção ao Congresso Nacional. A organização contará com estrutura de saúde, incluindo unidades móveis e ambulatórios, além de apoio da segurança pública.

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver é, acima de tudo, um ato de afirmação da existência, resistência e luta por um país mais justo e igualitário. É um chamado para que o Estado reconheça os danos históricos causados pela escravidão e pela exclusão, e implemente políticas que permitam a superação das desigualdades e a construção de um futuro de dignidade e cuidado para todas as mulheres negras.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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