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Reuniões para suspender tarifaço começam ainda hoje, diz Mauro Vieira

A reunião entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a Cúpula de Líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), marcou um novo capítulo nas relações comerciais entre os dois países. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou aos jornalistas que, após o encontro, Trump autorizou o início das negociações para a suspensão do chamado tarifaço norte-americano contra as exportações brasileiras. O chanceler destacou que a decisão ocorre pouco antes do início de uma nova rodada bilateral, agendada para a noite do domingo, 26 de outubro, ainda na capital malaia, e que o objetivo é tratar do impasse no menor tempo possível.

Durante o encontro, Lula aproveitou para reiterar o pedido de suspensão imediata das tarifas extras impostas pelo governo americano enquanto a negociação estiver em andamento. Trump, por sua vez, declarou que está disposto a conversar e que dará instruções para que sua equipe inicie formalmente o processo de negociação. Mauro Vieira descreveu o encontro como “muito positivo” e ressaltou que o diálogo pode render “ótimos resultados” para ambos os países. As palavras do chanceler foram na linha de que Trump não impôs nenhuma condição prévia para negociação ou suspensão das taxas, o que indica um ambiente favorável para o avanço dos diálogos.

O lado brasileiro será representado pelo próprio chanceler, com apoio técnico do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa. Do lado americano, as conversas estarão a cargo do secretário de Estado, Marco Rubio, e do secretário do Tesouro, Scott Bessent.

A pauta comercial ganhou ainda mais peso após a declaração de Lula sobre a motivação usada pelos EUA para impor a elevação das tarifas ao restante do mundo. O presidente brasileiro argumentou que esse argumento não é válido para o Brasil, já que o país tem déficit na balança comercial com os Estados Unidos. Os representantes brasileiros reforçaram que a relação diplomática entre os dois países, de mais de 200 anos, tem sido pautada pela cordialidade e pela parceria. A expectativa é de que, em poucas semanas, seja possível concluir uma negociação que trate setor por setor dos produtos brasileiros atingidos pela tributação americana.

Além da dimensão comercial, o encontro entre Lula e Trump abriu espaço para agendas de cooperação e gestos diplomáticos: os dois presidentes estabeleceram a ideia de visitas recíprocas, com Trump demonstrando interesse em visitar o Brasil, enquanto Lula afirmou que, no futuro, irá com prazer aos Estados Unidos. O chanceler ressaltou que o clima foi de diálogo e disse esperar que, assim como no passado, as negociações possam ser resolvidas de maneira ágil e construtiva.

O tarifaço anunciado por Trump em julho deste ano, que instituiu taxas de 50% sobre produtos brasileiros, foi uma das principais razões para a atual rodada de negociações. Além do impacto direto nas exportações, a ação norte-americana também envolveu a revogação de vistos de ministros do governo brasileiro e do STF, agravando a tensão entre os países. Agora, a expectativa é que o início imediato das negociações possa, de fato, abrir caminho para um entendimento mutuamente benéfico, reduzindo incertezas para produtores e exportadores brasileiros e fortalecendo o diálogo entre as duas maiores economias das Américas.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)