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Rio: avenidas são liberadas e metrô reforça horário de trens

O Rio de Janeiro viveu nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025, um dos dias mais tensos de sua história recente. Uma megaoperação policial, batizada de Operação Contenção, reuniu cerca de 2,5 mil policiais civis e militares para atuar nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da cidade. O objetivo era coibir a expansão do Comando Vermelho e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e até em outros estados. O resultado foi a maior operação de segurança dos últimos 15 anos e também a mais letal da história do município, com ao menos 64 mortos, incluindo 60 suspeitos e quatro agentes de segurança.

Os confrontos se iniciaram no início da manhã, quando as polícias Civil e Militar, em parceria com o Ministério Público, adentraram as comunidades, consideradas pontos estratégicos para o crime organizado. Durante as incursões, traficantes reagiram com tiros, barricadas em chamas e até mesmo lançando artefatos explosivos por drones. As barricadas, feitas com ônibus e carros incendiados, atingiram mais de 50 veículos, bloqueando vias e interrompendo o trânsito em parte da cidade. Segundo a Rio Ônibus, mais de 120 linhas de transporte coletivo tiveram itinerários alterados, deixando milhares de passageiros à espera nas estações de metrô, que operaram normalmente com reforço de trens e grade horária ampliada.

O total de mortes ultrapassou o somatório das duas operações mais letais anteriores, Jacarezinho (28 óbitos, em 2021) e Vila Cruzeiro (24 óbitos, em 2022), ambos casos sob o governo do atual governador Cláudio Castro. Além das mortes, a ação resultou em 81 presos e apreensão de armas de grosso calibre. Entre os detidos estão operadores financeiros ligados a chefias do Comando Vermelho, inclusive de fora do estado. Policiais foram baleados em confronto, um delegado está em estado gravíssimo e três moradores, vítimas de balas perdidas, foram socorridos em hospitais da região.

O impacto na cidade foi sentido para além dos limites das favelas. O Centro de Operações e Resiliência (COR) informou que nove pontos estratégicos da cidade — entre eles a Avenida Brasil, a Pastor Martin Luther King Junior, a Paulo de Frontin e a Praça Marechal Hermes — estiveram bloqueados, com liberação gradual ao longo do dia. A autoestrada Grajaú-Jacarepaguá permaneceu interditada por conta de ocorrência policial, mantendo o caos no trânsito especialmente na zona norte e região metropolitana. Moradores relataram às redes sociais momentos de terror, com tiroteios constantes, helicópteros sobrevoando as comunidades e fumaça visível de até 20 quilômetros de distância.

A repercussão internacional foi imediata. Agências como a Reuters destacaram que o alto número de vítimas ocorre a poucos dias da cidade ser sede de eventos globais, como a COP30, relembrando que, em ocasiões anteriores de grandes eventos, operações semelhantes causaram menos mortes. O governo fluminense afirma que a operação era necessária para conter o poder dos grupos armados e recuperar territórios sob influência da facção, mas o custo humano e social levanta debates sobre estratégias de segurança pública e respeito aos direitos da população que vive no entorno dessas áreas.

O dia 28 de outubro de 2025 entrou para a história do Rio de Janeiro como um marco trágico: uma cidade sitiada, cenas de guerra urbana, famílias em pânico, serviços públicos interrompidos e uma operação policial que deixou mais mortos em um só dia do que qualquer outra ação similar já registrada no estado. Enquanto as forças de segurança comemoram a apreensão de armas e a prisão de chefes do crime, comunidades inteiras vivem o luto e continuam a demandar por políticas públicas que garantam tanto a segurança quanto o direito à vida.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)