A Rússia disse nesta sexta-feira que, se os Estados Unidos souberem com certeza que a Ucrânia não está envolvida no ataque a tiros ocorrido casa de shows Crocus City Hall, perto de Moscou, Washington deveria compartilhar quaisquer informações que tiver a respeito do massacre.
Já foram detidas 11 suspeitos de terem envolvimento no atentado a uma sala de concertos nos arredores de Moscou (incluindo quatro supostos autores do ataque), segundo Kremlin. Com eles a polícia encontrou passaportes do Tadjiquistão, república ex-soviética de maioria muçulmana na Ásia Central. O atentado já é o mais violento em 13 anos na capital russa, e já deixou mais de 133 pessoas mortas.
O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) já depois de a Ucrânia ter negado qualquer responsabilidade e os serviços secretos de Kyiv terem acusado o Kremlin de orquestrar o ataque, para culpar a Ucrânia e justificar “uma escalada” da guerra, conforme noticiou a agência France-Presse (AFP).
Apesar disso, Putin disse que o grupo tentava fugir para a Ucrânia quando foi capturado. O serviço secreto do governo russo afirmou ainda que os suspeitos tinham contatos no país vizinho. O conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak disse em suas redes sociais que as acusações são “insustentáveis e absurdas”.
O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse nesta sexta-feira que “não há indicativos neste momento de que a Ucrânia ou ucranianos estejam envolvidos”.
“A Casa Branca afirmou que não vê sinais de que a Ucrânia ou ucranianos estão envolvidos no ataque terrorista em Moscou”, afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova. “Com base em que autoridades em Washington tiram conclusões sobre a inocência de alguém em meio a uma tragédia?”, questionou.
Ela afirmou que, caso tenham informações, os EUA devem compartilhá-las e que, caso não as tenha, não deveriam estar falando dessa forma.
Suspeito preso na Rússia diz que ia receber R$ 27 mil pelo ataque
Um indivíduo detido pelas autoridades russas, suspeito de ser um dos autores do atentado, confessou ter sido recrutado para realizar o ataque devastador em Moscou, com a promessa de uma recompensa de R$ 26,8 mil. O suspeito, que foi capturado junto com outros três cúmplices após um confronto com a polícia na região de Briansk, expressou sua frustração por ter recebido apenas metade do pagamento acordado.
Os quatro foram apreendidos enquanto tentavam escapar de um cerco policial, logo após terem desencadeado o caos em um concerto de rock no Crocus City Hall, onde um número trágico de 133 vítimas foi fatalmente atingido. A operação de captura foi executada pelo FSB, a agência federal de segurança da Rússia.
Documentos encontrados com os suspeitos indicavam que eles eram originários do Tadjiquistão, uma nação de maioria muçulmana na Ásia Central, anteriormente parte da União Soviética.
Durante o interrogatório, capturado em vídeo, o detido foi questionado sobre suas ações no local do evento. Ele admitiu abertamente que o ataque foi motivado por dinheiro, especificando que lhe foram prometidos aproximadamente meio milhão de rublos, dos quais apenas a metade foi recebida.
A cidade está coberta por outdoors eletrônicos exibindo mensagens de luto e solidariedade às vítimas desta tragédia.