O cantor sertanejo Gusttavo Lima teve a prisão decretada hoje, conforme revelado pela Folha de S.Paulo. Ele é suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que também envolve a influenciadora Deolane Bezerra e empresários ligados a apostas online. O caso faz parte da Operação Integration, conduzida pela Polícia Civil de Pernambuco. As investigações começaram a partir da apreensão de um saco de dinheiro em uma banca de jogo do bicho em Recife, o que ajudou a desmantelar o grupo criminoso.
Como tudo começou
O ponto de partida para a investigação foi a apreensão de um saco com R$ 180 mil em espécie, junto com um caderno de anotações, em uma banca de jogo do bicho chamada “O Caminho da Sorte”, em Recife, no ano de 2022. O local era controlado por Darwin Henrique da Silva, bicheiro conhecido na cidade. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Renato Rocha, as anotações encontradas indicavam a existência de um esquema de lavagem de dinheiro, e forneciam pistas sobre outros integrantes da organização criminosa.
As investigações revelaram que o grupo criminoso migrou do tradicional jogo do bicho para o mercado de apostas online, utilizando tecnologias avançadas e empresas de diversos setores para “esquentar” o dinheiro. Alessandro Carvalho Liberato de Mattos, secretário de Defesa Social de Pernambuco, afirmou em entrevista ao programa Fantástico que houve uma clara transição de pessoas envolvidas no jogo do bicho para o mundo das apostas, buscando disfarçar a origem ilícita dos recursos por meio dessas novas plataformas.
Envolvimento de Gusttavo Lima
Uma das empresas sob investigação é a Balada Eventos e Produções Limitada, pertencente a Gusttavo Lima. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões e o sequestro de imóveis e embarcações registradas em nome da empresa, suspeita de ser usada no esquema de lavagem de dinheiro. A empresa de Gusttavo teria ligação com empresas de José da Rocha Neto, proprietário da casa de apostas online Vai de Bet, que foi patrocinadora do Corinthians até junho de 2023.
A investigação também apontou que a JMJ Participações, uma das empresas de Rocha Neto, comprou recentemente um avião modelo Cessna Citation Excel, que pertencia à Balada Eventos. A aeronave foi um dos bens apreendidos pela Operação Integration na última quarta-feira (04). A assessoria de Gusttavo Lima nega qualquer envolvimento do cantor com atividades ilícitas e afirma que a aeronave ainda está em nome da Balada Eventos devido a trâmites burocráticos pendentes.
Negativas e defesa
Em nota enviada ao programa Fantástico, a equipe de Gusttavo Lima reforçou que o cantor mantém apenas um contrato de uso de imagem com a Vai de Bet, e que ele não possui qualquer participação no gerenciamento ou nos negócios da empresa de apostas. Segundo a defesa, o cantor é apenas uma das figuras públicas contratadas para promover a marca, sem relação com as supostas atividades criminosas.
Por outro lado, as investigações continuam em andamento, e as autoridades estão analisando as informações coletadas, incluindo dados financeiros e registros de transações entre as empresas envolvidas. Além do bloqueio de bens e contas, a Justiça tem conduzido buscas e apreensões em diferentes cidades, como Recife (PE), Campina Grande (PB), Barueri (SP), Curitiba (PR) e Goiânia (GO), como parte das medidas para desmantelar o esquema.
A Operação Integration já emitiu mais de 18 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão. Até o momento, outros empresários e figuras públicas continuam sendo investigados por suas supostas participações nas atividades de lavagem de dinheiro e apostas ilegais, ampliando a dimensão do caso e aumentando a pressão sobre os envolvidos.
Futuro das investigações
A prisão de Gusttavo Lima, juntamente com as apreensões, é apenas uma das várias medidas adotadas pela Justiça no curso das investigações. Embora sua defesa tenha negado todas as acusações e afirmado que o cantor está colaborando com as autoridades, ainda há muitas dúvidas sobre o papel de sua empresa no esquema.