O salário médio dos profissionais do mercado de animação no Brasil caiu 12,1% entre 2019 e 2025, passando de R$ 7.980 para R$ 7.010. A maioria desses profissionais atua como freelancers, sem vínculo empregatício ou direitos trabalhistas garantidos, e trabalha em pequenas empresas. Essa situação é detalhada no 2º Mapeamento da Animação no Brasil, realizado pelo Instituto Iniciativa Cultural, que também ressalta a necessidade de investimento público, via verbas federais, para viabilização dos projetos na área.
O levantamento contou com a participação de 466 profissionais, incluindo produtores, estúdios, prestadores individuais e realizadores audiovisuais. A pesquisa expõe que poucos profissionais têm atuação direta no mercado internacional: apenas 2% dos freelancers trabalham exclusivamente para empresas estrangeiras, e 53% atendem simultaneamente clientes nacionais e internacionais, sendo a maior parte da demanda concentrada em companhias brasileiras. Países como Estados Unidos, Argentina, França, Índia e Peru são os principais mercados que prestam serviços ao Brasil, mas o intercâmbio permanece limitado, influenciado pelo câmbio desfavorável e pela própria disponibilidade de talentos nacionais.
No uso tecnológico, apesar de o domínio de técnicas de inteligência artificial ser relativamente bom entre os profissionais, houve mudanças nas ferramentas predominantes: o uso de animação vetorial, cut-out e digital 2D cresceu, enquanto técnicas como motion graphics e stop motion tiveram redução significativa, essa última com uma queda de 32% para 16% em sua utilização.
O mercado brasileiro enfrenta desafio para preencher algumas funções especializadas, como animador e rigger (responsável por dar movimento a personagens 3D), diretor de animação (que coordena todas as etapas da produção) e produtor executivo (que garante recursos financeiros para os projetos). O potencial brasileiro no setor é considerado ainda pouco explorado, tanto internamente quanto no exterior, com destaque para o protagonismo emergente da região Sul do país.
Além disso, a ausência de profissionais em eventos da área pode limitar negociações, oportunidades de negócios, coproduções e networking, restringindo o reconhecimento e remuneração da categoria em moeda estrangeira. O estudo foi financiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo e da Spcine, empresa de cinema e audiovisual da cidade de São Paulo, e representa uma atualização da primeira versão do mapeamento feita em 2019, proporcionando um retrato mais detalhado da estrutura e desafios do segmento.

