Portal NegoPB

Notícia de verdade.

Semana final da COP30 começa com reunião em busca por consenso

# COP30 Entra em Fase Decisiva com Negociações Políticas em Belém

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas alcançou seu momento crítico nesta segunda-feira, 17 de novembro, com a abertura da plenária de alto nível que reúne aproximadamente 160 ministros e representantes de alto escalão de diversos países. Este é o ponto de viragem da conferência, marcando a transição das discussões técnicas para negociações políticas que definirão os acordos finais sobre ação climática global.

O vice-presidente Geraldo Alckmin abriu formalmente a sessão, estabelecendo o tom urgente das deliberações. Com representantes de 160 nações presentes, incluindo ministros de Meio Ambiente, Relações Exteriores e Economia, a expectativa é de que o escalão político destraveie os principais impasses que se acumularam na primeira semana de negociações técnicas. Segundo Alckmin, o momento atual representa a transformação do discurso em ação concreta, deixando para trás a era das promessas climáticas e inaugurando uma década de implementação efetiva.

## Os Temas Críticos em Pauta

As negociações desta semana convergem em torno de questões delicadas que dividem os interesses dos países ricos, emergentes e nações mais vulneráveis. O financiamento climático permanece como o tema mais sensível das discussões, representando a base sobre a qual todas as outras prioridades dependem. Anúncios recentes somam promessas de US$ 300 bilhões em financiamento anual para países em desenvolvimento, valor estabelecido na COP29 em Baku. Contudo, este montante representa apenas 23% do considerado necessário para a próxima década. As presidências da COP30 e COP29 formularam uma proposta ambiciosa para mobilizar até US$ 1,3 trilhão anuais, mas o seu avanço permanece incerto.

Além do financiamento, os negociadores enfrentam discussões sobre a definição de indicadores de adaptação climática, que podem incluir até cem parâmetros abrangendo dimensões nacionais, temáticas e de implementação. Os relatórios de metas de implementação, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), também estão sob revisão, com 111 países já tendo entregue seus documentos atualizados. A lacuna de ambição persiste como preocupação central, levantando questões sobre se as metas nacionais são suficientes diante da aceleração do aquecimento global.

## Avanços e Destravas na Agenda

A primeira semana da conferência em Belém, que se iniciou em 10 de novembro, resultou na entrega de uma vasta Agenda de Ações contendo 145 itens já acordados. Este avanço foi possível através de diplomacia intensa que permitiu destravar impasses iniciais e estabelecer consenso sobre questões estruturais. Notavelmente, dois temas que enfrentavam bloqueios conseguiram avançar: a elaboração de mapas do caminho para a transição gradual dos combustíveis fósseis e para o desmatamento zero. Estes desenvolvimentos refletem uma coalizão emergente de países que busca sinalizar compromisso político com a descarbonização.

Especialistas da sociedade civil que acompanham as negociações relatam otimismo moderado com relação ao progresso esperado. A ênfase renovada na proteção de florestas tropicais e o reconhecimento da urgência da transição energética emergiram como pontos de consenso entre blocos anteriormente polarizados. A segunda semana da conferência coloca a natureza no centro da ação climática, fortalecendo compromissos para proteger ecossistemas, garantir os direitos de povos indígenas e comunidades locais, e expandir soluções baseadas na natureza como pilares da resposta global.

## O Contexto de Urgência Climática

As discussões em Belém ocorrem sob pressão de dados científicos alarmantes. Emissões globais podem aumentar 1% em 2025 em relação a 2024, mantendo o mundo numa trajetória desastrosa. Sem mudanças significativas e imediatas, as temperaturas globais podem elevar-se entre 2,3°C e 2,8°C até 2100, tornando vastas áreas inabitáveis devido a inundações, calor extremo e colapso de ecossistemas. Cientistas enfatizam que a lacuna entre compromissos e necessidade real não pode ser fechada gradualmente; requer aceleração exponencial. Johan Rockström, do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático, alertou que emissões globais precisam passar de um aumento previsto de 1% para uma redução de 5% já no próximo ano.

## Perspectivas para os Próximos Dias

Conforme as negociações avançam para discussões mais confidenciais entre ministros nas próximas etapas, a presença do alto escalão político oferece maior capacidade de concessão e compromisso. Facilitadores ministeriais foram designados para cada um dos principais temas, conduzindo conversas a portas fechadas onde as verdadeiras negociações sobre cedências e benefícios mútuos ocorrerão. A expectativa é que até o final desta semana, antes da chegada de chefes de Estado para a plenária de conclusão, os principais acordos sejam consolidados.

O resultado final desta COP determinará se a conferência marca o início de uma década de aceleração e entrega efetiva, ou se permanece como mais um ciclo de promessas insuficientes diante da magnitude da crise climática global.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
Previous post Chuvas e ventos fortes voltam a causar estragos em cidades do RS
Next post Plano Nacional de Cultura vai orientar políticas nos próximos 10 anos
Fechar
Menu