Trabalhadores de diversos setores participaram nesta quinta-feira em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para discutir os efeitos do projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês. A proposta, já aprovada na Câmara dos Deputados, faz parte de uma iniciativa do governo federal que busca compensar a perda de receita e estabelecer um patamar mínimo de imposto para quem tem rendimentos tributáveis acima de R$ 600 mil por ano. Atualmente, os contribuintes desta faixa de alta renda pagam em média uma alíquota de 2,5% de IR, mas o projeto prevê uma alíquota de 10%, potencialmente atingindo cerca de 141,4 mil pessoas físicas. Para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7.350 mensais, há uma redução gradual da tributação, e para quem recebe acima desse valor, não haverá mudanças.
Os trabalhadores defenderam o projeto como uma medida de justiça social e progressividade tributária. Tiago Bitencourt Neves, comerciário, afirmou que a atualização da tabela do IR é mais do que uma questão econômica, é uma “proposta de país”. Para ele, o sistema tributário brasileiro precisa taxar o luxo, não bens essenciais como arroz e feijão, e cobrar mais de setores especulativos, como bancos e investidores bilionários. Ele vê a proposta como uma correção de desigualdades históricas e uma escolha política sobre quem deve realmente arcar com os custos do país.
Jadiel de Araujo Santos, trabalhador do setor de serviços, destacou que a atualização da tabela devolverá dignidade e poder de compra às famílias que ganham até R$ 5 mil, pois esse montante é fundamental para as despesas básicas e para movimentar a economia. Da mesma forma, Juliano Rodrigues Braga, do setor financeiro, ressaltou que a isenção representará um alívio direto no seu orçamento, devolvendo cerca de R$ 2,5 mil por ano, quantia que ele considera essencial para manter uma vida digna.
Outros trabalhadores, como Silvia Letícia Alves Mattar, gerente de posto de combustíveis, relataram que o benefício corresponde a aproximadamente R$ 200 mensais, o que é equiparado a um “14º salário” no bolso e contribuirá para estimular o comércio local. O metalúrgico Claudionor Vieira do Nascimento destacou que 68% dos trabalhadores da sua categoria na região do ABC terão redução ou isenção do IR, e criticou parlamentares que associam equivocadamente o projeto a aumento de impostos, enquanto isenções bilionárias para grandes empresas passam despercebidas.
Representantes de categorias diversas também chamaram atenção para a necessidade de avançar em conquistas sociais, como a redução da jornada de trabalho, para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. O frentista Willian Ferreira Da Silva reforçou que direitos só são alcançados por meio da luta, lembrando que o trabalhador é a base de qualquer sistema que gere renda. José Evandro Alves da Silva, da indústria química, conclamou a sociedade a se mobilizar novamente nas ruas para garantir essas conquistas, assim como ocorreu em manifestações recentes.
A audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado destacou, portanto, a importância do projeto como instrumento para reduzir desigualdades, assegurar justiça tributária e fortalecer o poder de compra da classe trabalhadora, enquanto promove uma tributação mais justa para os altos rendimentos e contribui para o equilíbrio das contas públicas.

