O Setembro Verde é uma campanha nacional que tem como objetivo reforçar a importância da doação e do transplante de órgãos. O mês alusivo ao tema propõe a sensibilização da população e dos familiares, uma vez que no Brasil a decisão final sobre a doação de órgãos é dos familiares. Há um ano, a Paraíba tem crescido em números de captação de órgãos e de transplantes. Só em 2020, foram realizadas 15 captações em doadores de múltiplos órgãos e 29 transplantes de órgãos, incluindo medula. Os procedimentos superam a média de 2019, quando a captação foi de menos de um órgão doado por mês.
De acordo com o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, o estado dobrou a quantidade de captações realizadas em um ano, porém é necessário continuar conscientizando tanto a sociedade quanto os profissionais de saúde para que vidas continuem sendo salvas.
“Quando assumimos a secretaria nos deparamos com um cenário em que o estado apresentava um desempenho pífio nos números de transplante, o menor percentual do Brasil, e agora, um ano após a mudança nas coordenações e com a implementação de práticas de gestão, houve um aumento de 500% no número de transplante de fígado, um aumento substancial nos transplantes de rim e 2 transplantes de coração, após 10 anos sem esta realização”, ressaltou o secretário.
Ele explica ainda que todo este crescimento ocorreu sem um custo adicional para os investimentos na Central de Transplante, apenas com a otimização dos recursos. “São mais de 40 servidores em João Pessoa e 28 na Central de Transplantes de Campina Grande comprometidos com um novo direcionamento em relação à captação e à conscientização da família paraibana sobre a doação de órgãos e salvar vidas”, comentou.
Em 2019 foram realizadas 22 captações em doadores de múltiplos órgãos e 66 transplantes de órgãos, incluindo medula. Com as doações, 45 pacientes deixaram a fila de transplantes na Paraíba e mais 19 em outros estados. A média de doações de janeiro a agosto do ano passado foi de 0,8 órgãos por mês. Já em 2020, embora os meses de março, abril e maio não tenha entrado para a estatística em virtude da pandemia da Covid-19, a Paraíba atingiu a média de 3 órgãos por mês no mesmo período.
Ainda este ano, foram 23 pacientes transplantados na Paraíba e 21 órgãos para outros estados, provenientes de pacientes doadores com morte encefálica. Para a diretora da Central de Transplante da Paraíba, Rafaela Carvalho, quando a família diz sim ao transplante, a vida pode continuar; e dizer “sim” após a perda de um ente querido pode ser doloroso, mas também pode mudar a vida de alguém que espera por um transplante.
“Muitas vezes, nossa equipe tem a missão de abordar as famílias em um momento de sofrimento, diante da perda de um ente querido. Para ser um potencial doador de órgãos não é necessário deixar algo por escrito, é simples: basta avisar aos familiares. Ressaltamos que, mesmo com as dificuldades do período de pandemia, continuamos persistindo na busca de melhora de vida para as pessoas que necessitam de um transplante”, declarou a diretora.
Um outro marco deste ano é que a Paraíba recebeu autorização do Ministério da Saúde para realizar transplante de coração adulto e pediátrico no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita. A unidade será o primeiro hospital público autorizado a realizar este tipo de procedimento no Nordeste, porém os procedimentos só deverão ser iniciados após cessada a pandemia do coronavírus para preservar a saúde dos pacientes.
Setembro Verde – Conscientizar a população sobre a doação de órgãos é fundamental para aumentar o número de doadores e promover a recuperação da saúde para as pessoas que estão aguardando esse gesto de solidariedade. A campanha Setembro Verde tem um papel decisivo para trazer o tema para discussão e fornecer informações adequadas para a população.
Dados da Paraíba – Atualmente, 642 pacientes estão na fila de espera no Estado: 438 aguardando um transplante de córnea, seis de fígado, 197 de rim e um de coração.
Como doar – O doador deve ter entre dois e 80 anos de idade e não pode apresentar doença comprometedora do órgão ou tecido. Após o óbito, a família do doador informa ao hospital o seu desejo de doar ou entrar em contato com a Central de Transplante. Vários órgãos podem ser doados: cartilagem, coração, córnea, fígado, intestino, medula óssea, ossos, pâncreas, pele, pulmão, rim e válvula.