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SOS Mata Atlântica mobiliza setor privado para conservação do bioma

A Fundação SOS Mata Atlântica acaba de lançar a Aliança pela Mata Atlântica, uma coalizão multissetorial que reúne empresas privadas e parceiros institucionais em torno de projetos de conservação, restauração e proteção da biodiversidade do bioma, considerado um dos mais ameaçados do país. O anúncio foi feito em 5 de novembro de 2025, durante o Summit Agenda SP+Verde, evento realizado em São Paulo em preparação para a COP30. A iniciativa coloca o setor privado no centro das estratégias para garantir a sobrevivência da Mata Atlântica, com ações concretas e acompanhamento de resultados.

O foco do trabalho será nas bacias do Médio Tietê e do Médio Paraíba do Sul, regiões críticas para o futuro hídrico e climático do Brasil. Essas áreas, que englobam 170 municípios nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, somam 5,5 milhões de hectares, concentram 12 milhões de habitantes e sofrem com forte pressão ambiental, decorrente da alta demanda por água e energia, além da fragmentação intensa da paisagem florestal. A estratégia territorial da SOS Mata Atlântica prevê, até 2030, restaurar diretamente 5 mil hectares e avançar rumo ao desmatamento zero nessas bacias. O plano utiliza inteligência e análises geoespaciais para identificar as áreas prioritárias, com potencial de restauração de mais de 300 mil hectares somente nas chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs) no entorno de rios.

De acordo com Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da fundação, o projeto traz uma abordagem territorial inédita, de longo prazo e baseada em ciência, direcionada para evitar o colapso dos serviços ecossistêmicos, que poderia comprometer tanto a economia quanto a vida nas cidades do sudeste do país. A mensuração dos impactos será feita a partir de indicadores como área restaurada, carbono fixado, qualidade da água, conectividade ecológica e geração de empregos verdes.

O aporte inicial já soma cerca de R$ 150 milhões em diferentes ações no território, e a meta é chegar a meio bilhão de reais em investimentos até o fim da década, com a captação de mais R$ 350 milhões. Guedes Pinto destaca que a aliança representa um movimento de corresponsabilidade, em que governos, empresas e sociedade civil trabalham integrados para desenhar e implementar soluções que conciliam conservação da biodiversidade, segurança hídrica, agricultura sustentável e resiliência climática.

Além de contribuir para metas globais de clima, água e biodiversidade, a participação das empresas na Aliança pela Mata Atlântica possibilita a redução de riscos socioambientais e econômicos, o fortalecimento de credenciais ESG (Environmental, Social and Governance) e a promoção do desenvolvimento sustentável. Até o momento, dez empresas já aderiram à iniciativa. Para Juliana Silva, diretora de Sustentabilidade da Motiva, uma das empresas parceiras, a preservação da biodiversidade é fundamental para tornar cidades e negócios mais resilientes diante do aumento de eventos climáticos extremos.

A aposta da SOS Mata Atlântica é transformar a região em um exemplo de recuperação florestal em larga escala, alinhada à necessidade de zerar o desmatamento e ampliar a cobertura vegetal nativa. O sucesso do projeto pode servir de modelo para outros biomas brasileiros e para o mundo, diante dos desafios globais de mudanças climáticas e perda de biodiversidade.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)