**STF analisa anulação da votação da Câmara que manteve mandato de Carla Zambelli**
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta sexta-feira (12) a análise da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que anulou a votação da Câmara dos Deputados responsável por manter o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada duas vezes a prisão em definitivo pelo colegiado. Na quinta-feira (11), Moraes determinou que o presidente da Câmara, Hugo Motta, emposse o suplente Adilson Barroso (PL-SP), conhecido como Coronel Tadeu, em até 48 horas, argumentando que compete ao Poder Judiciário declarar a perda do mandato de parlamentar com condenação transitada em julgado, cabendo à Câmara apenas formalizar essa perda.
O julgamento virtual começou às 11h com o voto do relator, Alexandre de Moraes, que deve reafirmar sua decisão monocrática. Os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Cristiano Zanin têm até as 18h para se manifestar, referendando ou não a medida. A deliberação ocorre após a Câmara rejeitar, na quarta-feira (10), a cassação do mandato de Zambelli por 227 votos a favor e 170 contra, insuficientes para atingir os 257 necessários entre os 513 deputados.
O caso ganhou contornos internacionais em julho, quando Zambelli foi presa em Roma, na Itália, ao tentar fugir de um mandado de prisão expedido por Moraes. Com dupla cidadania ítalo-brasileira, a deputada deixou o Brasil em busca de asilo político após ser condenada pelo STF a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. Investigações apontam Zambelli como a autora intelectual da ação, que resultou na emissão de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, executado pelo hacker Walter Delgatti, condenado no mesmo processo e que confirmou ter agido a mando da parlamentar.
Em agosto, veio a segunda condenação pelo Supremo, por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma, relacionada a um episódio em que Zambelli perseguiu um homem armada pelas ruas de São Paulo, pouco antes do segundo turno das eleições de 2022. Essa decisão reforçou o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro em junho. A Justiça italiana marcará a decisão final em audiência na próxima quinta-feira (18), enquanto Zambelli permanece presa no país europeu, sem condições de exercer o mandato, o que foi destacado como argumento para a perda automática do cargo.

