Em um evento simbólico realizado neste domingo, 9 de novembro de 2025, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), o Brasil oficializou a recepção de uma nova doação internacional para o Fundo Amazônia: 5 milhões de francos suíços, o equivalente a cerca de R$ 33 milhões, aportados pelo governo da Suíça. O anúncio foi feito pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, durante a cerimônia “Presença Suíça na COP30”, que antecede a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
A contribuição suíça reforça o papel do Fundo Amazônia como principal mecanismo global de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), gerido pelo BNDES sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Criado em 2008, o fundo já apoiou 144 projetos, beneficiando diretamente mais de 600 organizações comunitárias e aproximadamente 260 mil pessoas na região amazônica. Seu foco está no combate ao desmatamento, no desenvolvimento sustentável e na melhoria das condições de vida das populações locais, com ênfase no fortalecimento do manejo florestal, da bioeconomia, da inclusão produtiva, da valorização dos saberes tradicionais e do apoio a comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
Após um período de paralisação durante o governo anterior, o Fundo Amazônia foi retomado em 2023 e, desde então, ampliou seu escopo para além da Amazônia Legal, apoiando também sistemas de monitoramento e controle do desmatamento em outras regiões do Brasil e em países tropicais. O modelo de financiamento é baseado em doações não reembolsáveis de governos estrangeiros e empresas nacionais, condicionadas à comprovação de redução efetiva do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa.
O anúncio da doação suíça acontece em um momento estratégico, às vésperas do início das negociações da COP30, que reunirá 194 países e a União Europeia em Belém. O tema central das discussões será a definição das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), compromissos de cada país para a redução das emissões globais. O Brasil, por exemplo, assumiu a meta de cortar entre 59% e 67% de suas emissões até 2035, abrangendo todos os setores da economia e todos os gases de efeito estufa. Até agora, 79 nações já apresentaram suas NDCs, responsáveis por 64% das emissões mundiais, enquanto as demais 118 representam os 36% restantes.
A expectativa é que a COP30 avance na agenda de financiamento climático para países em desenvolvimento, com a ampliação de recursos para iniciativas como o Fundo Amazônia. A presença de autoridades brasileiras e suíças no evento demonstra o reconhecimento internacional da importância da Amazônia para o equilíbrio climático global e a necessidade de cooperação para garantir a proteção da maior floresta tropical do planeta. A doação suíça, portanto, não apenas fortalece o fundo, mas também sinaliza um compromisso conjunto com a sustentabilidade e a justiça climática em um momento crucial para o futuro do bioma e das populações que dele dependem.
