O empréstimo de R$ 20 bilhões que os Correios negociavam com um consórcio formado por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra para financiar seu plano de reestruturação foi reprovado pelo Tesouro Nacional. A rejeição ocorreu principalmente por conta da taxa de juros proposta pelos bancos, que era de 136% do CDI, considerada excessivamente alta diante do limite aceitável de 120% do CDI para operações com garantia da União. Essa garantia reduziria o risco para os bancos, pois o Tesouro cobriria eventuais inadimplências da estatal, tornando a taxa sugerida inadequada segundo a equipe econômica. Com a recusa em fornecer a garantia, o empréstimo tornou-se inviável nas condições apresentadas, e as negociações foram suspensas. Os Correios passam a buscar uma renegociação da taxa de juros, que deverá ficar em no máximo 120% do CDI, ou então podem aguardar um aporte direto do Tesouro para enfrentar seu déficit, que soma R$ 6,05 bilhões nos primeiros nove meses do ano.
O plano de reestruturação aprovado pelo Conselho de Administração dos Correios inclui medidas como programa de demissão voluntária, fechamento de cerca de mil agências e venda de imóveis no valor de R$ 1,5 bilhão. O crédito de R$ 20 bilhões seria usado para quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, pagar fornecedores, modernizar a área de encomendas e buscar novas fontes de receita, além de equilibrar as contas da estatal em grave crise financeira. A taxa CDI, usada no crédito interbancário, está atualmente um pouco abaixo da Selic a 15% ao ano; a proposta dos bancos equivalia a uma taxa anual próxima de 20%, enquanto o Tesouro aceitava até cerca de 18%.
Em comunicado interno, a diretoria dos Correios reforçou o trabalho conjunto com diversos ministérios para buscar alternativas que garantam liquidez imediata à estatal e viabilizem a continuidade das ações para a recuperação financeira. Além do empréstimo negado, a empresa já teve que renegociar seus financiamentos anteriores, o que aumentou o custo dos juros.
Diante da suspensão da operação, os Correios avaliam outras estratégias financeiras enquanto o governo já considera a possibilidade de realizar um aporte direto para ajudar a conter o rombo fiscal da empresa. A decisão do Tesouro ressalta a preocupação do governo em controlar o impacto fiscal e garantir condições compatíveis ao risco real das operações, principalmente em um cenário de elevados déficits e necessidade de modernização da estatal.

