A revelação ocorre em meio a um dos capítulos mais conturbados da história recente da NBA. Nesta quinta-feira, 23 de outubro de 2025, o treinador catarinense Tiago Splitter, de 40 anos, foi oficialmente anunciado como novo head coach do Portland Trail Blazers, após sua brilhante e meteórica temporada à frente do Paris Basketball. O nome de Splitter surge no lugar do treinador Chauncey Billups, preso pelo FBI no mesmo dia, envolvido em uma grande operação de combate a apostas ilegais, que já havia abalado a liga com o banimento do pivô Jontay Porter, no ano anterior.
Splitter não apenas assume o comando do time norte-americano, como consolida uma trajetória excepcional, tornando-se o primeiro treinador brasileiro a comandar um clube da NBA. Foi também o primeiro brasileiro a ser campeão da NBA, ainda como jogador, integrando o elenco do San Antonio Spurs em 2014, onde foi um dos responsáveis diretos pela eficiência defensiva do time comandado pelo mítico Gregg Popovich. Ao se aposentar, em 2018, iniciou uma carreira de sucesso como treinador, passando por Brooklyn, Houston, seleção brasileira e, mais recentemente, pelo Paris Basketball, clube francês que ele levou a conquistar o inédito bicampeonato na liga local e a Copa da França na temporada 2024/2025 — tudo em sua primeira experiência à frente de um time na Europa.
Nascido em Blumenau, Santa Catarina, Splitter desdobrou-se como jogador em clubes de ponta na Espanha e, posteriormente, nos Estados Unidos, onde atuou durante sete temporadas. Conhecido por seu profissionalismo e trabalho duro, foi promovido a treinador de desenvolvimento no Brooklyn Nets em 2019, depois de atuar como olheiro, e ajudou a moldar talentos como Jarrett Allen e Nic Claxton. Em 2023, integrou o staff do Houston Rockets, contribuindo para o desenvolvimento de jovens promessas, e, entre 2024 e 2025, dirigiu a seleção brasileira masculina de basquete, auxiliando Aleksandar Petrovic na difícil missão de garantir a classificação para os Jogos Olímpicos de Paris.
A ascensão de Splitter pode ser considerada uma resposta às lacunas de diversidade no comando técnico da NBA, que até então nunca havia recebido um treinador nascido e criado no Brasil. O feito, inédito para o basquete brasileiro, acontece em um contexto de renovação na NBA, em que tradicionais barreiras estão sendo rompidas e oportunidades emergem para profissionais antes pouco representados.
No vestiário do Trail Blazers, Splitter chega com a chancela de experiências internacionais, do respeito e reconhecimento conquistados como jogador de alto nível e, principalmente, com uma história de crescimento consistente como treinador — capaz de liderar equipes a superarem expectativas, como fez na França, onde herdou um clube jovem e levou-o ao topo do país no basquete nacional.
No dia que a NBA amanheceu com notícias de escândalo envolvendo apostas ilegais, o nome de Splitter surge como um sopro de inovação e esperança para o basquete nacional. O Brasil passa a contar, agora, com seu primeiro técnico a assumir o comando de um time no mais alto nível do esporte mundial — uma jornada que começou nas quadras de Blumenau, ganhou contornos profissionais no Velho Continente, sagrou-se na NBA como jogador e, agora, reescreve a história do Brasil no esporte em uma nova dimensão.
