Um estudo recente realizado pelo Observatório das Favelas revelou que um terço dos casos de violência política na região metropolitana do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2022 e junho de 2025, foram motivados por ódio. Esse tipo de violência engloba questões como racismo, misoginia, homofobia e transfobia, e resultou em 89 dos 267 casos registrados durante esse período. A pesquisa identificou que a política tem servido como canal para a expressão desses ódios, impulsionados pela ascensão da extrema direita no país.
Os dados mostraram que a violência política contra pessoas negras aumentou significativamente entre 2022 e 2024, passando de 17 para 30 casos. Esse aumento está relacionado ao padrão histórico de exclusão e silenciamento de lideranças negras, que enfrentam maior vulnerabilidade à medida que suas candidaturas aumentam. Em 2024, por exemplo, mais de 52% dos candidatos nas eleições eram negros, segundo a Justiça Eleitoral.
Entre as formas mais comuns de violência política, destacam-se a agressão verbal, a repressão a manifestações políticas, atentados contra a vida e execuções. Políticos, policiais e grupos armados são os principais agressores identificados, com 59, 58 e 29 registros, respectivamente. Os policiais foram responsáveis por uma grande parte das violências em manifestações, o que indica uma dificuldade das instituições policiais em lidar com protestos democráticos.
A pesquisa também apontou um pico de violência política durante o período eleitoral, especialmente na Baixada Fluminense, onde a taxa de assassinatos políticos triplica em comparação com o período fora do pleito. O estudo sugere que a violência política é um sinal de alerta para a saúde da democracia no Brasil, especialmente em contextos locais, onde as instituições são mais frágeis e contaminadas por práticas clientelistas e mandonistas. Para diminuir essa violência, os pesquisadores defendem um maior rigor da Justiça Eleitoral e das instituições locais.
