A Operação Contenção, deflagrada na manhã desta terça-feira (28) nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, tornou-se a ação policial mais letal da história recente da cidade, deixando pelo menos 64 mortos, entre eles 60 civis e quatro policiais. O número supera significativamente a operação no Jacarezinho, em 2021, que resultou em 28 mortos, e já representa cerca de um quinto de todas as mortes em ações policiais registradas em 2025 no estado, que somam 353. Além das vítimas fatais, há registros de 11 civis e oito policiais feridos, com três pessoas atingidas por balas perdidas.
Essa operação envolve uma mobilização de 2,5 mil policiais civis e militares, considerada a maior em 15 anos pelo governo estadual. A ação foi fruto de mais de um ano de investigação e cerca de 60 dias de planejamento, com o objetivo de capturar lideranças do Comando Vermelho e impedir a expansão territorial da facção criminosa. Centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos. Até o momento, 81 pessoas foram presas e 72 fuzis apreendidos, além da apreensão de uma grande quantidade de drogas.
O governo enfatizou que as forças de segurança atuam com força máxima para retomar o controle dos territórios dominados pelo crime, combatendo o narcoterrorismo que se vale de armamento pesado, drones e explosivos, enquanto mantém prioridade no enfrentamento ao crime organizado. O município do Rio entrou em estágio 2 de atenção, com interdições temporárias em vias nas áreas próximas às operações e alterações em mais de 100 linhas de transporte coletivo.
A operação, marcada por intensos confrontos, provocou represálias do tráfico, que bloqueou ruas e avenidas em diversas regiões da cidade, causando temor e paralisação de serviços, inclusive fechamento de escolas e comércio. Em resposta, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio lamentou a escalada de violência e anunciou que pedirá esclarecimentos ao Ministério Público e às polícias Civil e Militar sobre as circunstâncias da ação, ressaltando que os locais afetados voltaram a se transformar em cenários de guerra.
Desde o início da década passada, a operação atual supera outras que tiveram elevada letalidade, entre elas ações nos complexos da Penha e do Alemão em anos anteriores, como maio de 2022 e julho de 2022, que já haviam registrado entre 16 e 23 mortos. A dimensão e a intensidade da Operação Contenção a colocam como a mais violenta e controversa já realizada nas favelas do Rio, com impacto profundo na população local e na segurança pública da cidade.

