O governo da Venezuela classificou como “roubo descarado” e ato de pirataria a apreensão de um petroleiro venezuelano por militares dos Estados Unidos em águas internacionais. O navio, que transportava cerca de 1,1 milhão de barris de petróleo, foi tomado em uma operação que gerou um aumento nos preços do petróleo no mercado global. Em nota oficial, o governo de Nicolás Maduro afirmou que essa ação faz parte de uma política deliberada de saque das riquezas energéticas do país, somando-se ao caso da Citgo, filial da estatal venezuelana PDVSA, tomada pelos EUA em 2019.
Caracas denunciou que a agressão prolongada dos EUA não tem relação com temas como migração, narcotráfico, democracia ou direitos humanos, mas sim com o controle das riquezas naturais e do petróleo, recursos considerados exclusivos do povo venezuelano. A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez, declarou que a apreensão constitui um ilícito internacional e que a Venezuela buscará todos os meios para denunciar o que chamou de “roubo vulgar” em instâncias globais.
A própria operação foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou que o navio ficaria sob controle americano. Um vídeo divulgado mostrou helicópteros dos EUA conduzindo militares armados e em camuflagem para a embarcação durante a ação, evidenciando o caráter militar da operação.
Especialistas em geopolítica avaliam que essa apreensão sinaliza o início de um bloqueio naval dos EUA contra a Venezuela, com o objetivo de sufocar economicamente o país e pressionar pela queda do governo Maduro. Esse é um agravamento do cerco militar dos EUA, que desde 2017 impõe embargo econômico à Venezuela e vem realizando uma série de ataques contra embarcações no Caribe, sob a justificativa oficial de combate ao narcotráfico, embora a Venezuela não seja um dos principais produtores mundiais de cocaína nem abrigo dos maiores cartéis de drogas.
Durante sua campanha em 2023, Trump admitiu ter chegado perto de “tomar” todo o petróleo venezuelano em seu primeiro mandato. O país é detentor das maiores reservas comprovadas de petróleo no mundo, e o controle dessa riqueza é apontado como o verdadeiro motivo do conflito. A Casa Branca reafirmou recentemente sua intenção de manter proeminência na América Latina, indicando que a pressão sobre Caracas, que mantém relações estreitas com a China, Rússia e Irã, faz parte de uma estratégia para promover uma mudança de regime na Venezuela.
A apreensão do petroleiro, que transportava petróleo supostamente destinado a Cuba e, por extensão, à Ásia, revela uma escalada da atuação militar americana na região, envolvendo inclusive o USS Gerald Ford, maior porta-aviões do mundo, e unidades especiais como os Navy Seals Team Six. A ação contra o navio-petroleiro representa um novo capítulo na disputa por controle geopolítico e econômico na América do Sul, e vem gerando tensões crescentes entre os dois países.

