Esquema bilionário de corrupção no INSS começou no governo Bolsonaro, revela PF. Entenda
Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) expôs um dos maiores escândalos de corrupção já registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. As investigações confirmam: o esquema teve início no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, em 2019, e se manteve ativo até 2024, já sob o governo Lula.
Como funcionava o esquema
O golpe consistia em descontos mensais indevidos aplicados diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Entidades associativas, muitas sem qualquer estrutura operacional real, simulavam a autorização dos beneficiários para cobrar mensalidades por supostos serviços como assessoria jurídica e convênios de saúde. Na prática, 97% dos entrevistados pela CGU afirmaram nunca ter autorizado tais descontos.
Essas associações utilizavam falsificação de assinaturas e outros artifícios para viabilizar os débitos, transformando aposentados e pensionistas em vítimas fáceis de um sistema fraudulento e de difícil detecção individual.
Segundo a Polícia Federal, o esquema foi estruturado e começou a operar em 2019, no início da gestão Bolsonaro. Durante cinco anos, as fraudes se expandiram para 14 estados e o Distrito Federal, atingindo milhares de beneficiários e movimentando valores bilionários.
O volume de recursos desviados saltou de R$ 617 milhões em 2019 para R$ 2,8 bilhões em 2024, evidenciando o crescimento do esquema ao longo dos anos. Só em 2023, a CGU detectou um aumento expressivo nas reclamações de débitos indevidos, o que levou à abertura formal das investigações.
A operação “Sem Desconto” cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, seis de prisão temporária e bloqueou mais de R$ 1 bilhão em bens dos investigados. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo, assim como outros servidores públicos, incluindo o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS.
Os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O governo federal anunciou medidas para reforçar os mecanismos de controle e transparência no INSS, buscando evitar a repetição de fraudes semelhantes. O presidente Lula determinou a exoneração imediata do presidente do INSS ao ser informado dos detalhes do escândalo.
Entidades envolvidas
Ao todo, 11 entidades estão sob investigação, incluindo associações e sindicatos que se apresentavam como representantes de aposentados e pensionistas, mas que, segundo a CGU e a PF, não prestavam os serviços prometidos e utilizavam documentos falsificados para justificar os descontos.