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Em CPI, PF pede aumento de 38% em orçamento e sugere dobrar efetivo

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, apresentou nesta terça-feira (18) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado um apelo para que o orçamento da corporação seja ampliado em cerca de 38%, passando dos atuais R$ 1,8 bilhão para pelo menos R$ 2,5 bilhões no próximo ano, visando fortalecer as ações contra facções criminosas e milícias. Além da questão orçamentária, Rodrigues sugeriu a necessidade de dobrar o efetivo da instituição, atualmente com cerca de 13 mil policiais (dos quais 2 mil são servidores administrativos), para atender de forma eficaz todas as demandas da PF. Há previsão de incorporação de mais 2 mil agentes, aprovados em concurso recente, mas o diretor afirmou que o ideal seria expandir o quadro para cerca de 30 mil policiais a médio e longo prazo.

O pedido de aumento dos recursos repassa a estratégia de ampliação das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCOs), ações coordenadas entre a PF e forças policiais estaduais para fortalecer o enfrentamento de organizações criminosas estruturadas. Andrade destacou que, além das investigações, a PF atua em controle de armas, emissão de passaportes, imigração, segurança bancária e controle de fronteiras, realizando aproximadamente 40 milhões de movimentações migratórias por ano no país.

Durante a sessão, que marcou a primeira oitiva da CPI instalada após a repercussão da operação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, na qual 121 pessoas morreram, o diretor evidenciou críticas ao substitutivo do Projeto de Lei (PL) Antifacção em tramitação na Câmara dos Deputados. Segundo Rodrigues, o texto proposto pode causar redução nos recursos da PF ao retirar verbas de fundos importantes, como o Funapol, Fundo de Segurança Pública e Fundo Antidrogas. Ele também apontou que o projeto pode gerar conflitos normativos, prejudicando o andamento dos processos contra membros de organizações criminosas por confusões processuais, como nulidades e alterações de competência.

Outro foco do diretor-geral foi a necessidade urgente de descapitalizar as organizações criminosas, atacando o patrimônio econômico dessas facções, além de fortalecer a cooperação entre as polícias estaduais, federais e a colaboração internacional. Entre 2022 e 2024, segundo Rodrigues, o total de bens apreendidos das organizações passou de R$ 1 bilhão para projeção de R$ 6,4 bilhões, fruto de operações conjuntas como a “Carbono Oculto”, que em 2025 apreendeu quase R$ 4 bilhões ao combater lavagem de dinheiro de facções por meio de fintechs e postos de combustíveis. A estimativa é chegar a cerca de R$ 9 bilhões em apreensões até o próximo ano, somando imóveis, veículos e outros bens apreendidos de forma efetiva, não apenas bloqueios de contas.

Rodrigues ressaltou ainda que a economia digitalizada, com fintechs, criptomoedas e transações financeiras tecnológicas, tem dificultado o enfrentamento do crime organizado, pois o Estado ainda opera em grande parte de maneira analógica, enquanto o crime evolui no ambiente digital. Para lidar com essa mudança, é fundamental que todas as instituições avancem na adaptação tecnológica para combater com eficiência as operações ilícitas.

A CPI do Crime Organizado, presidida pelo senador Fabiano Contarato e com relatoria do senador Alessandro Vieira, busca produzir um diagnóstico detalhado da atuação das facções no país, considerando sua expansão territorial e econômica, para indicar políticas públicas eficazes no combate ao crime. Rodrigues apontou que a integração atual entre as polícias federal e estaduais, especialmente pelas FICCOs, já existe, mas a PEC da Segurança, em tramitação, deve aperfeiçoar essa coordenação sob a responsabilidade da União, fortalecendo ainda mais a atuação nacional no enfrentamento à criminalidade organizada.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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