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Brasil tem apoio de mais de 80 países para fim de combustíveis fósseis

Representantes ministeriais de mais de 80 países declararam apoio oficial a um mapa do caminho (“roadmap”) proposto pelo Brasil para a transição global que afaste o mundo dos combustíveis fósseis. O anúncio ocorreu durante o evento “Mutirão Call for a Fossil Fuel Roadmap”, realizado em Belém (PA) no contexto da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). A coalizão que apoia essa proposta reúne nações tanto do Norte quanto do Sul Global, incluindo Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Quênia, Serra Leoa e Ilhas Marshall.

O mapa do caminho funciona como um plano de ação com etapas e metas para a eliminação gradual do uso de petróleo, gás natural e carvão mineral, considerados os principais responsáveis pela emissão de gases causadores do efeito estufa. O presidente Lula foi uma das vozes centrais que motivaram essa mobilização, convocando os países para construir um calendário global que estabeleça prazos claros para abandonar os combustíveis fósseis, um tema que ressurgiu com força na COP30 após ter perdido espaço em negociações anteriores.

Durante o evento, o secretário de Estado do Reino Unido, Ed Miliband, classificou a iniciativa como uma mobilização inédita, destacando o alinhamento entre países desenvolvidos e em desenvolvimento na intenção de enfrentar essa crise global. Já o ministro de Serra Leoa, Jiwoh Abdulai, ressaltou que, para países altamente vulneráveis às mudanças climáticas, a redução do aquecimento global e a saída dos combustíveis fósseis são questão de sobrevivência econômica e social.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, enfatizou que o apoio expressado representa uma disposição real de fortalecer o multilateralismo climático, reconhecendo que a principal causa do aquecimento global é a emissão de CO₂ pela queima dos fósseis. Ela ressaltou, porém, que mais do que discursos, é necessário garantir financiamento, diversificação econômica e o desenvolvimento de bases tecnológicas para uma transição justa e urgente, lembrando que o planeta está há pelo menos 30 anos atrasado neste percurso.

O protagonismo das novas gerações também foi destacado por Marcelle Oliveira, jovem campeã do clima da COP30, que reforçou a necessidade de ação imediata para proteger o futuro e criar uma nova economia e cultura sustentável. Do lado das organizações da sociedade civil, o Observatório do Clima avaliou que a proposta brasileira ganhou amplo apoio internacional e poderá se tornar uma resolução significativa da conferência.

Por outro lado, movimentos sociais e organizações territoriais alertaram para a necessidade de que a elaboração do mapa do caminho inclua as comunidades diretamente afetadas pela infraestrutura fóssil, como indígenas, quilombolas e povos tradicionais. O Instituto Internacional Arayara criticou a ausência das lideranças comunitárias nas discussões, afirmando que um esforço feito apenas por líderes de Estado não reflete a sabedoria dos povos do território nem promove justiça climática integral.

Assim, a proposta brasileira de um mapa do caminho para a eliminação dos combustíveis fósseis consolidou-se como uma pauta central controversa e estratégica da COP30, reunindo apoios importantes, mas também desafiando o processo a ser mais inclusivo e efetivo para garantir uma transição global justa e rápida. A expectativa é que o tema seja incorporado nas decisões finais do evento para que se transforme em um compromisso global concreto, rumo à meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC e assegurar o futuro do planeta.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)
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