### Economia Brasileira Registra Segunda Queda Consecutiva em Outubro com Recuo de 0,3% no PIB
A economia brasileira apresentou recuo de 0,3% em outubro na comparação com setembro, marcando o segundo mês consecutivo de queda na atividade econômica, após um declínio de 0,6% no mês anterior. O resultado, divulgado pelo Monitor do PIB do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), reflete a perda de fôlego impulsionada pelo patamar elevado da taxa de juros, que atua como freio ao crescimento.
Apesar das quedas mensais recentes, na comparação com outubro de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, expandiu 1%. No trimestre móvel encerrado em outubro, houve crescimento de 1,5% ante o mesmo período do ano passado, e no acumulado de 12 meses, o avanço foi de 2,3%. Em termos monetários, o PIB acumulado até outubro é estimado em R$ 10,530 trilhões.
A economista Juliana Trece, responsável pelo levantamento da FGV, atribui a desaceleração principalmente à taxa básica de juros, a Selic, fixada em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) – o maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25%. Essa política monetária restritiva visa combater a inflação, que só retornou ao limite da meta do governo em novembro, após 13 meses fora do espaço de tolerância. Os juros altos encarecem o crédito, desestimulam investimentos e reduzem a demanda por bens e serviços, freando a alta de preços, mas geram efeitos colaterais como o esfriamento da atividade, com menor geração de empregos e renda.
Pela ótica da produção, o desempenho negativo da agropecuária e da indústria explica parte da queda em outubro. Já pela ótica da demanda, investimentos (formação bruta de capital fixo) e consumo do governo contribuíram negativamente. O consumo das famílias, no entanto, cresceu 0,5% no trimestre móvel, sustentado por serviços e bens semiduráveis, apesar de quedas em bens não duráveis e duráveis. As exportações se destacaram positivamente, com alta de 8,9% no período, impulsionadas por produtos agropecuários e da indústria extrativa mineral, em uma trajetória crescente desde março de 2025.
O Monitor do PIB serve como termômetro mensal da economia, complementando outros indicadores como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que apontou recuo de 0,2% em outubro ante setembro e crescimento de 2,5% em 12 meses. O resultado oficial trimestral do IBGE registrou expansão de 0,1% no terceiro trimestre de 2025 e 2,7% em 12 meses, com o próximo dado, referente ao quarto trimestre, previsto para 3 de março de 2026.

