OPINIÃO | A COVID está nos matando, onde estão os hospitais das forças armadas e os médicos militares?

Com as recentes notícias de colapso do sistema de saúde pública de vários estados brasileiros, a pergunta que surge é: Cadê as forças armadas?

Onde estão os hospitais de campanha? Onde estão os médicos militares? Onde estão os recursos dos hospitais militares?

Até onde se sabe, nem para as reuniões da Secretaria de Saúde do Estado, os militares enviam representantes, assim como não estiveram presentes na reunião realizada neste último domingo (07), entre o governador João Azevedo e diversas autoridades dos Ministérios Públicos Federal, do Trabalho e Estadual, Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, entre outros, no momento em que a pandemia atinge seu pico de mortes e internações na Paraíba.

Exército

A página oficial do Exército brasileiro informa que o sistema de saúde do Exército, para não falar das outras forças, dispõe de 545 seções de Saúde instaladas em organizações militares da Força; 23 postos médicos de Guarnição; quatro policlínicas militares; 15 hospitais de Guarnição; 11 hospitais-gerais e o Hospital Central do Exército. Ainda, o Instituto de Biologia do Exército, das pesquisas biológicas; e o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, da produção de medicamentos.

O serviço de saúde é complementado pelo Fundo de Saúde do Exército, que efetiva contratos e credenciamentos com organizações civis e profissionais autônomos da área de Saúde.

Ou seja, é uma estrutura gigantesca que poderia estar ajudando no enfrentamento da pandemia.

Hospital de Guarnição

Em João Pessoa, por exemplo, onde a ocupação dos leitos de UTI já chega a 100% em alguns hospitais, como o Clementino Fraga, segundo levantamento do @crmparaiba , o Exército mantém o Hospital de Guarnição de João Pessoa. A taxa de ocupação do Hospital não é revelada assim como o número de atendimentos que realiza.

Um aviso no site da instituição apenas informa que as consultas e exames eletivos estão suspensos e o tele atendimento é feito via skype.

Não queremos supor que assim como está sendo investigado pelo MPF em Manaus, esteja havendo reserva de vagas, enquanto o sistema público de saúde entra em colapso.

Será que não é possível abrir 5, 10, 15 leitos para a população? São vidas que estão em jogo, parece que precisamos estar lembrando a todo instante. São pais, mães, irmãos e filhos que estão morrendo.

Um simples convênio com a Secretaria de Saúde, Estadual ou Municipal, bastaria para realizar a oferta de vagas na unidade.

Na realidade, está faltando a mesma boa vontade que fez um militar da ativa se candidatar na chapa de Nilvan Ferreira e chegar ao segundo turno das eleições municipais de João Pessoa. Naquela ocasião, não mediram esforços, queriam “ajudar” a cidade.

Governo

Ocupantes de mais de 6 mil cargos comissionados, entre eles o de Ministro da Saúde, no governo de Jair Bolsonaro, as forças armadas tem ganhado as últimas manchetes no país, não por estarem na linha de frente ou por liderarem os esforços no enfrentamento da pandemia, mas pela produção e distribuição de cloroquina, compras de cerveja e picanha com suspeita de superfaturamento e uma suposta pressão exercida sobre o Supremo Tribunal Federal, para evitar a soltura do ex-presidente Lula, além claro, do engajamento dos quartéis para eleger Jair Bolsonaro.

O Brasil vive uma situação de guerra contra a COVID 19. Não é crível que o engajamento das forças armadas irá se resumir a produção de cloroquina e ao transporte de oxigênio nos aviões da FAB, chegando depois do colapso de Manaus.

Toda ajuda é bem vinda e necessária neste momento que estamos vivendo. Esta é a primeira vez que de fato precisamos objetivamente da ação dos militares no país e não apenas de sua “expertise” em logística. (Não vou considerar a guerra do Paraguai neste artigo).

Ou as forças saem dos quartéis e assumem sua responsabilidade institucional ajudando na linha de frente no combate a COVID 19, ou realmente teremos certeza que a omissão do governo federal é uma política de Estado e não apenas incompetência generalizada.

Por J. Laurentino

Esse texto foi recebido por colaboração independente e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal NegoPB.