Barroso: ‘Mudar para voto impresso seria inútil para conter discurso de fraude’

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou na sexta-feira (14), durante a cerimônia de lançamento de uma campanha do tribunal sobre a segurança e transparência da urna eletrônica, que a mudança para o voto impresso seria “inútil relativamente ao discurso da fraude”.

“Esse é um discurso político. Nos Estados Unidos, havia voto impresso e boa parte dos que defendem o voto impresso no Brasil disseram que houve fraude nas eleições dos Estados Unidos. Então, ficaríamos no mesmo lugar”, afirmou Barroso na cerimônia.

O lançamento da proposta acontece um dia após o aniversário de 25 anos do uso da urna eletrônica e também da instalação de uma comissão na Câmara dos Deputados que vai analisar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que tornaria o voto impresso obrigatório, da deputada Bia Kicis (PSL-DF).

O presidente do TSE disse que, se a proposta for aprovada e promulgada, as instituições deverão cumprir a decisão do Congresso Nacional, mas citou quatro “inconveniências” do método.

A primeira seria o custo, que já foi estimado em cerca de R$ 2 bilhões para a impressão do voto. “O Congresso é o lugar para avaliar se esse é um bom momento para fazer esse investimento”.

A segunda seria o perigo da quebra de sigilo do voto. Em terceiro, ele citou uma experiência em 2002 em que cerca de 6% das urnas tiveram voto impresso.

“Não funcionou bem, houve filas, atrasos, aumento dos votos brancos e nulos, emperramento das impressoras, não foi uma boa experiência. Temos um largo relatório relatando essa experiência de implantação do voto impresso”.

Por fim, ele citou o risco de judicialização das eleições. “Ninguém precisa disso, o poder emana do povo e não dos juízes, precisamos que as urnas falem, e não o Poder Judiciário também nisso”, declarou.