No primeiro dia da Pré-COP em Brasília, evento preparatório para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em novembro em Belém, o Brasil enfatizou a **urgência de recursos financeiros para cumprir metas de mitigação, adaptação e transição socioeconômica justa diante do aquecimento global**. A delegação brasileira afirmou a necessidade de US$ 280 bilhões anuais apenas para proteger as florestas, valor quatro vezes superior ao disponível atualmente, e destacou a importância de recursos adicionais para a conservação dos oceanos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que lidera o Círculo dos Ministros das Finanças, reforçou debates sobre a ampliação do financiamento climático, especialmente no contexto do Mapa do Caminho de Baku a Belém, que visa captar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035. Entre os temas centrais das negociações estão a reforma dos bancos multilaterais, o aumento do fluxo de investimentos para países que mais precisam e a mobilização do setor privado.
Durante as discussões ministeriais, houve consenso reforçado sobre a importância do fortalecimento do multilateralismo, com ênfase na adaptação climática para diferentes contextos — desde países ricos até pequenas ilhas e nações médias. Até o momento, apenas 62 países, representando 31% das emissões globais, apresentaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), fundamentais para limitar o aquecimento global a 1,5ºC conforme o Acordo de Paris. Grandes emissores, como União Europeia e Índia, ainda não renovaram formalmente seus compromissos.
A sociedade civil também marcou presença expressiva na Pré-COP, com entrega à presidência da COP30 de uma carta assinada por cerca de 40 organizações pedindo US$ 86 bilhões anuais até 2030 para ações de adaptação prioritariamente voltadas às comunidades vulneráveis. Além disso, cresce a pressão para que a COP30 avance na institucionalização da Transição Justa, conceito que envolve garantir um futuro digno para populações impactadas pelas mudanças climáticas, por meio de mecanismos multilaterais de apoio técnico e financeiro. Este mecanismo, denominado Mecanismo de Ação de Belém (BAM), seria uma evolução do Programa para uma Transição Justa da UNFCCC, lançado na COP28 em Dubai, e visa assegurar que os processos de adaptação e mitigação caminhem integrados à justiça social e à proteção de direitos.
O debate sobre Transição Justa destaca a necessidade de incluir as pessoas no centro das políticas climáticas, promovendo emprego digno, redução das desigualdades sociais e distribuição equitativa dos benefícios da transição para uma economia de baixo carbono. Organizações da sociedade civil também recomendam que a governança da transição seja democrática e transparente, respeitando direitos como o Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI) das comunidades afetadas, e promovendo salvaguardas socioambientais rigorosas para novos empreendimentos.
Assim, a Pré-COP em Brasília reuniu 67 delegações, incluindo diplomatas, ministros e técnicos, que discutiram estratégias de financiamento climático, proteção ambiental e justiça social, buscando construir consenso e fortalecer o caminho para a COP30, que se prevê ser decisiva para impulsionar ações ambiciosas no enfrentamento da crise climática global.

