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Mais ricos emitem, em média, 400 vezes mais CO₂ que mais pobres

O relatório “Saque Climático: como poucos poderosos estão levando o planeta ao colapso”, lançado pela organização global Oxfam, revela que o 0,1% mais rico da população mundial emite, em média, 800 quilos de gás carbônico equivalente (CO₂e) por dia — 400 vezes mais do que a metade mais pobre da população, que emite cerca de dois quilos diários. Em apenas um dia, esse grupo privilegiado emite mais gases do efeito estufa do que metade da população mundial mais pobre junta. Desde 1990, a participação do 0,1% mais rico nas emissões globais de CO₂ aumentou 32%, enquanto a parcela da metade mais pobre diminuiu 3%. O relatório destaca que 89% do orçamento global de carbono disponível para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C já foi consumido, evidenciando a urgência da redução das emissões[1][3][5][6].

A análise parte dos dados do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) e estima que para manter a meta do Acordo de Paris, o grupo mais rico precisa reduzir suas emissões individuais em 99% até 2030. Caso todo o planeta adotasse o padrão de consumo dos mais ricos, o limite mundial de emissões seria esgotado em menos de três semanas. Esse cenário demonstra como o estilo de vida e os padrões de consumo desproporcionais desse grupo estão diretamente ligados à crise climática[1][3].

Além das emissões diretas, o poder de consumo do 0,1% mais rico se manifesta também nos investimentos financeiros, dos quais 60% estão aplicados em setores altamente poluidores como petróleo, gás e mineração. O bilionário médio produz aproximadamente 1,9 milhão de toneladas de CO₂e por ano só com seus investimentos, volume que supera amplamente as emissões de muitos países. Essa influência econômica se traduz também em poder político, evidenciado na participação expressiva de representantes da indústria fóssil em eventos decisivos para negociações climáticas, como a COP29, onde setores ligados ao carvão, petróleo e gás superaram em número delegações de países vulneráveis ao clima[5][6].

Diante deste cenário, o relatório propõe medidas para reduzir o impacto ambiental do grupo mais rico, incluindo a taxação e limitação da influência dos super-ricos em decisões políticas globais, redistribuição mais justa do orçamento climático e fortalecimento da participação da sociedade civil e de grupos tradicionais na formulação de políticas públicas. A diretora-executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, enfatiza que a crise climática é também uma crise de desigualdade, e que a responsabilidade dos que mais poluem deve ser central na resposta global para mitigar os efeitos das mudanças climáticas[1][5][6].

Os dados expostos evidenciam a urgência de políticas que confrontem o consumo exagerado e os investimentos poluidores dos mais ricos para evitar um colapso climáticos e assegurar justiça social na proteção do planeta.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)