“Não queremos só vender hidrogênio verde, mas reindustrializar o Nordeste”, afirma a presidente do Consórcio Nordeste em Roterdã

Nessa segunda-feira (13/05), os governadores do Consórcio Nordeste abriram o pavilhão do Brasil, promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), na World Hyrdrogen Summit & Exhibition, maior feira de hidrogênio verde do mundo, que reúne mais de 15 mil profissionais da indústria de energia e mais de 500 expositores de todo o mundo.  O hidrogênio verde é uma tecnologia que pode revolucionar o mercado de energia global e induzir o desenvolvimento do Brasil e, principalmente, do Nordeste. 

Segundo a presidente do Consórcio do Nordeste, Fátima Bezerra, a agenda de transição energética está totalmente alinhada com os objetivos de desenvolvimento e neoindustrialização do governo federal. “A sustentabilidade tem que vir junto com a justiça social. Não queremos só vender hidrogênio verde, mas reindustrializar o Nordeste, trazendo empregos”, afirmou. 

Utilizar a atração de investimentos em hidrogênio verde para catalisar a instalação de uma nova indústria sustentável na região é consenso entre os governadores. “O Nordeste pode ser um grande hub não só de hidrogênio verde, mas de uma indústria de baixo carbono que se instale em nossos estados devido a nossa oferta de energia limpa. Queremos criar clusters industriais em volta das plantas de produção de hidrogênio verde”, afirmou o governador do Piauí, Rafael Fonteles. 

Em um contexto internacional de crise climática e de tensões geopolíticas, a transição para uma economia de baixo carbono é uma oportunidade para o Brasil. Conforme estudo realizado pela Bloomberg, o custo de produção de hidrogênio verde no Brasil é o mais baixo entre países do G20, o que coloca o país em uma posição privilegiada para tornar-se um hub global de sua produção.  

“No atual cenário, o hidrogênio verde ganha sentido de urgência e a World Hydrogen Summit & Exhibition é um evento de referência no setor, do qual o Brasil não poderia estar de fora. A participação da ApexBrasil busca mostrar as oportunidades do Brasil para investimentos e parcerias, e, por essa razão, a parceria com o Consórcio Nordeste é fundamental”, afirmou Alex Figueiredo, gerente da Agência na Europa. 

Parcerias e perspectivas 

No espaço de debates e reuniões oferecido pela ApexBrasil, atores de peso do cenário europeu, como autoridades dos Países Baixos, investidores e lideranças de portos locais, participaram em busca de parcerias estratégicas  Duna Uribe, representante do Porto de Roterdã, explicou que a União Europeia pretende importar 10 milhões de toneladas de hidrogênio verde até 2030. “Estamos abertos para parcerias para o desenho de uma estratégia de escoamento da produção de hidrogênio do Brasil para Europa”, comentou durante a apresentação da Iniciativa de Portos Verdes aos governadores presentes.  

A HY-5, iniciativa dos portos do Norte de Alemanha, é um case de sucesso que encontra semelhanças no modelo proposto pelo Consórcio Nordeste. Por meio dela, cinco estados da federação alemã uniram forças para desenvolver e completar a cadeia de valor para o hidrogênio verde, com o objetivo de tornar sua região a mais importante para o hidrogênio verde no coração da Europa. “A inciativa alemã tem uma sinergia muito grande com o momento em que estamos vivendo no Consórcio, com vistas para a cooperação para geração de infraestrutura”, comentou o Secretário-Adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte, Hugo Fonseca.  

Próximas agendas 

Nessa terça-feira (13/05), a comitiva dos governadores do Consórcio Nordeste continua com a agenda no World Hydrogen Summit & Exhibition, e na quarta-feira, segue para Bruxelas para reuniões com o governo belga e com a União Europeia (UE), com apoio da ApexBrasil, do Ministério das Relações Exteriores, da Embaixada do Brasil na Bélgica e da Missão do Brasil junto à UE.  

“Este primeiro dia foi de reuniões estratégicas para que o Nordeste possa liderar esse processo de transição energética no País, já que nossa região possui matriz diversa de energia. Em Sergipe, já iniciamos tratativas sobre hidrogênio verde e colocamos o estado a disposição para poder fazer parte desse processo. Estamos confiantes que o estado tem condições de iniciar a transição. E este foi apenas o primeiro dia”, disse o governador do Sergipe, Fábio Mitidieri.