A renovação do Decreto de calamidade pública por parte do Governo do Estado da Paraíba, vem em meio a uma nova onda de contaminação que se alastra rapidamente não só pelo Brasil mas também pelo mundo. É preciso, de fato, cautela.
A Inglaterra anunciou, alguns dias atrás, novas restrições devido ao aumento vertiginoso de casos, como se pode ver neste link da CNN (em inglês). Ontem foi a vez da Irlanda. O governo, temeroso com a volta desenfreada da pandemia, anunciou por sua vez as mais duras restrições da Europa a serem novamente impostas, como se vê nesta reportagem da BBC (em inglês). Também da BBC de Londres é esta reportagem (em inglês), que traz um gráfico com o número de novas infecções registradas na últimas semanas na Europa que nem precisa de tradução:
É trecho marcante da mesma reportagem: “If European governments relax their restrictions, the course of the virus indicates that by January 2021 the daily mortality rate will be four to five times higher than it was during April, WHO’s European director, Dr Hans Kluge”, que faço a tradução livre:
Sim, é assustador. E esta nova onda que emerge no mundo é, sem sombra de dúvidas, extremamente perigosa. Temos, na história, um terrível precedente. A Gripe Espanhola que assolou o mundo a partir do fim da Primeira Guerra Mundial, meados de 1918, veio em três grandes ondas de contaminação, e, devido a vários fatores (incluindo uma possível mutação no vírus, não se sabe ao certo), a segunda onda foi muito mais mortal que a primeira. Aqui o vírus se apresentou mais agressivo, com sintomas que rapidamente evoluíam para o óbito do paciente.
Nunca ficou claro para historiadores exatamente qual foi a parcela de responsabilidade da população que, ao pensar que a doença havia perdido força após a primeira onda, relaxou nas medidas de prevenção e isolamento e assim acabou por permitir a expansão avassaladora do vírus, tornando possível a letalidade e a força da segunda onda. Grande parte desse “relaxamento” com relação às medidas de prevenção é atribuído aos efeitos danosos do isolamento social rígido, por mais necessário que seja. LEIA MAIS
A segunda onda da COVID-19 na Paraíba
Nosso colunista Júnior Laurentino mostrou em julho através do texto Não foi sorte, foi João!, que as medidas adotadas pelo Governo do Estado da Paraíba no combate à disseminação do novo Coronavírus, foram imprescindíveis para o relativo sucesso obtido pela Paraíba em relação aos estados vizinhos. Aqui não houve filas nas UTI’s e médicos não precisaram realizar a ‘Escolha de Sofia’, decidindo quem vive ou quem morre.
No entanto, da mesma forma que em 1918, a população parece ter relaxado na prevenção da doença e pode estar permitindo a segunda onda ao agir assim. Por onde quer que se vá na capital paraibana, o que se vê são pessoas sem máscaras, aglomeradas; na Orla, lotam bares, pub’s, calçadões de caminhada e praças, idem na Zona Sul.
As consequências já podem ser vistas nos números, segundo reportagem publicada pelo portal G1 nesta terça-feira (20), a Paraíba está entre os três estados em que o número de óbitos voltou a subir (alta de 27%, segundo a reportagem). É o texto da atualização COVID-19 desta terça-feira (20) da Secretaria da Saúde do Governo do Estado: “(…) a Paraíba registrou 496 novos casos de Covid-19 e 09 óbitos confirmados desde a última atualização, 03 deles ocorridos nas últimas 24h. Até o momento, 129.045 pessoas já contraíram a doença, 105.273 já se recuperaram e 3.010, infelizmente, faleceram” (destaque nosso).
Não podemos nos esquecer que estamos diante de uma doença que já vitimou 1.121.574 (um milhão cento e vinte e um mil quinhentos e setenta e quatro) pessoas em todo mundo segundo o Instituto John Hopkins da Universidade de Havard (em inglês) e 154.327 (cento e cinquenta e quatro mil trezentos e vinte e sete) pessoas no Brasil, segundo Consórcio de veículos de impressa, idem reportagem do G1. O ‘por extenso’ nos números, é claro que foi proposital. São dados gigantescos e tristes.
Uma vacina, na previsão mais otimista, só em meados de 2021, isso, claro, sem contar com a distribuição. Portanto você precisa, nós precisamos, sobreviver até lá. Cuide-se. Proteja-se. Use máscara e lave as mãos. A pandemia não acabou.
Por Pedro Galhardo