Premiado em Cannes, Wagner Moura assinou carta pedindo a Lula ruptura de laços com Israel por genocídio em Gaza

Wagner Moura fez história no cinema brasileiro ao conquistar, no último domingo (18/5), o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes por sua atuação em “O Agente Secreto”, filme dirigido por Kleber Mendonça Filho, que também foi consagrado com o troféu de melhor diretor na mesma edição do festival. O longa, ovacionado com 15 minutos de aplausos em sua estreia, recebeu elogios unânimes da crítica internacional e consolidou-se como um marco para o cinema nacional, sendo descrito como “visual e dramaticamente soberbo” pelo The Guardian e uma “obra-prima” por diversos veículos especializados. Esta é a primeira vez que um ator brasileiro vence na categoria masculina em Cannes, e Mendonça Filho se junta ao seleto grupo de diretores brasileiros premiados no festival, ao lado de nomes como Glauber Rocha.

O ator Wagner Moura no longa “O Agente Secreto”. Foto: Divulgação

No auge dessa visibilidade internacional, Wagner Moura também esteve entre os signatários de uma carta aberta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em maio de 2024, que pedia a ruptura das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com Israel. O documento, que denunciava a “carnificina insuportável” em Gaza e classificava as ações israelenses como genocídio, foi subscrito por figuras de destaque do meio artístico, como Chico Buarque, Gilberto Gil e Emicida, além de personalidades de origem judaica, como Anita Leocadia Prestes, Breno Altman e Bruno Huberman.

“Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino”.

O apelo não partiu apenas de artistas. Entre os signatários estão acadêmicos, jornalistas, ex-ministros, juristas e lideranças políticas, como José Dirceu, João Pedro Stédile e Jessé Souza. O manifesto também reúne representantes da comunidade judaica, como Anita Leocadia Prestes (filha de Olga Benário), o jornalista Breno Altman e o professor Bruno Huberman, reforçando que a crítica ao governo israelense não se limita a um recorte étnico ou religioso nem tão pouco de único espectro político.