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Subsídio para energia limpa precisa superar o de fósseis, diz Marina

Durante a Pré-COP realizada em Brasília, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a relevância das chamadas adicionalidades — temas que não fazem parte da pauta oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) — para a formulação de políticas globais voltadas ao abandono do uso dos combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás. Segundo ela, essas decisões são essenciais para direcionar as ações internacionais de transição energética, promovendo um caminho justo, ordenado e equitativo que acelere a descarbonização até 2050.

Marina Silva ressaltou que, na COP28 realizada em Dubai, pela primeira vez houve uma decisão explícita contemplando a transição para o abandono progressivo dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos mundiais, por meio da integração do artigo 28 do Balanço Global (Global Stocktake). Essa iniciativa, embora não estivesse na agenda oficial de negociações, mostrou ser um avanço significativo rumo a um compromisso global mais ambicioso. De forma semelhante, o tema também não será incluído formalmente na pauta dos mais de 140 itens negociados na COP30, programada para acontecer em novembro na cidade de Belém, no coração da Amazônia.

A ministra enfatizou ainda a importância de agregar ambição e inovação para que os compromissos assumidos traduzam-se em ações concretas. Entre essas iniciativas estão o fortalecimento do financiamento climático, sobretudo para proteção de florestas tropicais por meio do Fundo Florestal para Sempre (Tropical Forests Forever Fund, TFFF), que pretende preencher uma lacuna crítica no investimento global para conservação ambiental. Estima-se que sejam necessários cerca de 282 bilhões de dólares anuais para proteger as florestas, sendo que atualmente apenas um quarto desse valor está disponível. O TFFF, liderado por doze países, pode mobilizar até quatro bilhões de dólares ao ano ao reconhecer o papel fundamental de povos indígenas e comunidades locais na manutenção dos ecossistemas.

Além disso, Marina Silva destacou que o Brasil está usando sua capacidade diplomática para construir consensos e assegurar que a COP30 reforce tanto a proteção da biodiversidade quanto a transição justa para energias renováveis e zero desmatamento em todos os biomas. O local escolhido para o encontro — Belém, na Amazônia — simboliza o papel estratégico do país na luta contra as mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que é uma oportunidade para vincular discursos a políticas e ações práticas que promovam a sustentabilidade econômica e social, incluindo o desenvolvimento da bioeconomia e a regeneração ambiental.

Por fim, a ministra sublinhou a urgência de ampliar os recursos financeiros para a implementação desses compromissos, buscando alcançar a cifra de 1,3 trilhão de dólares anuais em financiamento climático global, com os 300 bilhões prometidos pelos países desenvolvidos como ponto de partida. A expectativa é que a COP30 represente um momento decisivo para transformar as metas estabelecidas em Dubai e nos encontros anteriores em resultados palpáveis, focados no fim dos combustíveis fósseis, no combate ao desmatamento e na mobilização de recursos essenciais para o futuro do planeta.

Fonte: Agência Brasil – Matéria Original (Clique para ler)