O “café fake”: entenda o produto e os riscos para os consumidores

Nos últimos meses, o chamado “café fake” ou “cafake” ganhou destaque no Brasil, gerando preocupações entre consumidores, especialistas e a indústria cafeeira. Este produto, que imita o sabor do café tradicional, não contém grãos de café em sua composição e tem sido comercializado em supermercados a preços significativamente mais baixos. A seguir, detalhamos o que é o “café fake”, como identificá-lo e os riscos associados ao seu consumo.

O que é o “café fake”?

O “café fake” é um pó para preparo de bebida à base de café, produzido com subprodutos da planta do café, como cascas, folhas e palha. Em alguns casos, podem ser adicionados aromatizantes artificiais para simular o sabor do café tradicional. Apesar de sua embalagem muitas vezes se assemelhar à de cafés tradicionais, este produto não contém os grãos torrados e moídos que caracterizam o verdadeiro café.

Esses produtos têm surgido como uma alternativa mais barata em um momento de alta nos preços do café puro, que subiu cerca de 40% no último ano devido a fatores como escassez de safra e aumento das cotações globais. No entanto, especialistas alertam que essa prática pode confundir os consumidores e prejudicar tanto a saúde quanto a percepção do público sobre a qualidade do café genuíno.

Riscos à saúde

O consumo do “café fake” pode trazer riscos à saúde devido à presença de impurezas e ingredientes não destinados ao consumo humano. Entre os elementos encontrados nesses produtos estão cascas, folhas e grãos defeituosos, além de aromatizantes artificiais. Em alguns casos, foram detectadas substâncias potencialmente tóxicas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), esses produtos não passam por avaliações adequadas de segurança alimentar e podem conter níveis elevados de aditivos químicos. Além disso, substituí-los pelo café tradicional pode reduzir a ingestão dos compostos benéficos presentes no grão puro, como antioxidantes.

Como Identificar o “café fake”?

Para evitar ser enganado na hora da compra, é importante observar atentamente as informações na embalagem. Aqui estão algumas dicas:

  • Leia os rótulos com atenção: Produtos rotulados como “bebida sabor café” ou “pó para preparo de bebida à base de café” não são cafés tradicionais.
  • Verifique os ingredientes: Se a composição incluir cascas, folhas ou outros subprodutos da planta do café, trata-se de um “café fake”.
  • Desconfie do preço: Produtos muito mais baratos do que o café puro podem ser indicativos de qualidade inferior ou adulteração.
  • Procure selos de qualidade: Prefira marcas certificadas pela Abic ou outros órgãos reguladores.

Impactos no mercado e medidas reguladoras

A comercialização do “café fake” tem gerado preocupações na indústria cafeeira brasileira. Além dos riscos à saúde pública, há também um impacto negativo na reputação do mercado nacional de café. A Abic já notificou órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura para intensificar a fiscalização desses produtos.

Em resposta às denúncias, operações realizadas pelo Ministério da Agricultura resultaram na apreensão de lotes suspeitos em estados como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As análises confirmaram irregularidades em algumas amostras. Apesar disso, fabricantes alegam que seus produtos estão dentro da legalidade por informarem claramente na embalagem que não se trata de café puro.

O “café fake” representa um desafio tanto para consumidores quanto para a indústria cafeeira. Embora possa parecer uma alternativa econômica em tempos de inflação alta, seu consumo pode acarretar riscos à saúde e prejudicar a experiência com o verdadeiro café brasileiro. Para evitar problemas, é essencial estar atento às informações nas embalagens e optar por marcas confiáveis.

Se você suspeitar da qualidade de algum produto ou identificar irregularidades no mercado, denuncie aos órgãos competentes para ajudar na proteção da saúde pública e na preservação da integridade do mercado cafeeiro brasileiro.