Artistas e intelectuais exigem que Lula rompa relações com Israel por ‘carnificina insuportável’

Foi entregue ao presidente Lula, nesta quarta-feira (29), uma carta assinada por diversos artistas e intelectuais (incluindo alguns judeus) exigindo que o Brasil rompa relações com Israel devido às incursões militares na Faixa de Gaza, responsáveis pela morte de dezenas de milhares de palestinos, incluindo crianças, mulheres e idosos.

Diversas personalidades do meio artístico, político e intelectual da sociedade brasileira assinaram a carta aberta ao presidente. Dentre os assinantes, há nomes de relevância para a cultura nacional e internacional, tais como Chico Buarque, Gilberto Gil, Raduan Nassar, Wagner Moura etc.

“Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino”, afirmam os signatários.

Leia a carta ao presidente Lula na íntegra:

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA SOBRE O GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO

Estimado presidente Lula

Antes de mais nada, queremos saudá-lo por seu comportamento sempre firme e coerente em solidariedade ao povo palestino, denunciando reiteradamente o genocídio do qual é vítima, especialmente suas mulheres e crianças.

O Brasil tem apresentado seguidas propostas para o cessar fogo na Faixa de Gaza e a solução de dois Estados estabelecida por resoluções internacionais. Graças ao seu governo, somos uma das nações que reconhecem, no âmbito das Nações Unidas, a soberania e a independência da Palestina.

No entanto, a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis, obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas, como já debatem diversos países da União Europeia e outras regiões.

O governo Netanyahu viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU.

Recentes ataques contra um acampamento de deslocados em Rafah, no sul de Gaza, com dezenas de inocentes assassinados, demonstram claramente inaceitável desprezo à ética humanitária.

Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino.

Essas medidas, adotadas por nosso país e sob uma liderança de sua envergadura, certamente serviriam de exemplo a outros governos e constituiriam uma imensa contribuição para que se encerre essa carnificina insuportável“.