Menos de uma semana antes de deixar o cargo, Donald Trump teve seu impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Com isso, ele se torna o primeiro presidente na história a ser impedido duas vezes em um mesmo mandato.
Mesmo com a votação favorável ao impeachment na Câmara, Trump deve permanecer no cargo até o fim de seu mandato, uma vez que é necessária a aprovação do Senado para que o afastamento seja, de fato, confirmado.
Todos os 222 deputados democratas votaram a favor do afastamento de Trump. Entre os republicanos, que no ano passado votaram contra a retirada de Trump do poder, dez dos 211 parlamentares votaram pelo impeachment. O placar final ficou em 232 a 197, com quatro abstenções republicanas.
Trump foi acusado pelos congressistas de “incitação à insurreição” após a invasão ao Capitólio no último dia 6, que deixou cinco mortos. O presidente incentivou que seus apoiadores marchassem a Washington na intenção de impedir a cerimônia que ocorria na data, de oficialização de Joe Biden como novo presidente do país.
Hoje, o presidente não se manifestou sobre os fatos ocorridos na semana passada, mas pediu a seus apoiadores que não façam novas manifestações. “À luz dos relatos de mais manifestações, apelo que NÃO pode haver violência, NÃO haja violação da lei e NÃO haja vandalismo de qualquer tipo”, disse Trump em um comunicado.
Chance de perda de direitos políticos
Se o afastamento for aprovado também no Senado — mesmo após o término do mandato de Trump —, há a possibilidade de o republicano perder seus direitos políticos. No artigo de impeachment, é citada a 14ª emenda constitucional que proíbe qualquer pessoa que tenha “se envolvido em uma insurreição ou rebelião” contra os EUA de exercer “qualquer cargo”.
No entanto, para que Trump perca seus direitos políticos, o Senado precisa fazer uma votação separada somente para julgar se o presidente perderá seus benefícios como pensão e se terá o direito de concorrer em 2024.
Democratas esperam não apenas impedir Trump de ocupar o cargo novamente — intenção que ele já manifestou para 2024 —, mas também abrir o precedente de que um presidente pode ser impedido mesmo com o fim do mandato.
O presidente dos Estados Unidos incitou esta insurreição, esta rebelião armada contra nosso país. Ele precisa sair. Ele é um perigo claro e presente para a nação que todos nós amamos.”Nancy Pelosi, presidente da Câmara
Líder da Maioria, o senador republicano Mitch McConnell descartou convocar uma sessão de emergência para debater a matéria de forma antecipada e disse que, “apesar de a imprensa estar cheia de especulações”, ainda não decidiu se votará a favor ou contra o impeachment.
Se for aprovado, Trump se tornará o primeiro presidente dos Estados Unidos a ser impedido do cargo. Antes dele, Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998 sofreram impeachment no Congresso, mas ambos foram absolvidos no Senado.
Anaís Motta e Carolina Marins | UOL, em São Paulo