
Os mercados financeiros globais foram lançados no caos após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de amplas tarifas comerciais, resultando em perdas massivas para investidores em todo o mundo. Entre os mais afetados estão alguns dos principais apoiadores bilionários de Trump, com o CEO da Tesla, Elon Musk, sofrendo um prejuízo impressionante de US$ 11 bilhões em apenas dois dias. Esse foi um dos maiores reveses financeiros para Musk, que desde o início de 2025, viu a Tesla perder mais de US$ 460 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Bloomberg.
Colapso dos mercados e impacto das tarifas
As tarifas de Trump, que impõem uma taxas de importações que vão de 10% a 50% a uma longa lista de países, incluindo o Brasil, além de tarifas adicionais direcionadas a nações específicas, desencadearam uma liquidação generalizada nos mercados acionários globais. O índice Dow Jones despencou mais de 2.200 pontos em um único dia, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq entraram em território de mercado baixista. Os efeitos se estenderam à Europa e à Ásia, com o índice Hang Seng de Hong Kong caindo 13%, e a bolsa de Tóquio suspendendo negociações após perdas superiores a 10%, acionando o dispositivo chamado de Circuit braker.
A Apple, por exemplo, sofreu um duro golpe financeiro, perdendo US$ 104 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (7), marcando o terceiro dia consecutivo de quedas após o anúncio das novas tarifas de importação pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde o dia 2 de abril, quando as tarifas foram reveladas, a empresa já acumula uma perda de US$ 637 bilhões em valor de mercado, o que representa uma queda de 18%. A Apple é particularmente vulnerável devido à sua dependência da China, onde 90% dos iPhones são produzidos. As tarifas podem aumentar os custos de produção em US$ 8,5 bilhões por ano, segundo estimativas do Morgan Stanley.
A companhia enfrenta agora um dilema crítico: absorver os custos adicionais, reduzindo suas margens de lucro, ou repassá-los aos consumidores. Caso opte pela segunda alternativa, o preço do iPhone 16 Pro Max, nos Estados Unidos pode subir de US$ 1.599 para cerca de US$ 2.300 — um aumento de 43%, conforme projeções da Rosenblatt Securities. Esse cenário vai impactar as vendas globais dos produtos Apple. No Brasil, esse aumento significar que iPhone 16 Pro Max, hoje vendido por aproximadamente R$ 8.500,00, poderia vir a custar um valor próximo dos R$ 13.000,00.
Além da Apple, outras grandes companhias do setor tecnológico conhecidas como as “Sete Magníficas” — Microsoft, Alphabet (Google), Amazon, Nvidia, Meta e Tesla — também enfrentaram perdas expressivas desde o início da guerra comercial. Juntas, essas empresas já perderam mais de US$ 1 trilhão em valor de mercado em menos de uma semana. Essa queda reflete a sensibilidade dessas gigantes às tarifas e à instabilidade econômica global gerada pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
As tarifas geraram temores de uma recessão global, com analistas alertando sobre custos mais altos de manufatura, cadeias de suprimentos interrompidas e redução da confiança dos investidores. O Deutsche Bank alertou que as consequências econômicas podem ter “impactos globais profundos” pelos próximos anos.
As crescentes perdas de Elon Musk
Elon Musk está entre os casos mais visíveis das repercussões financeiras. As ações da Tesla, negociadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, caíram 5,5% após o anúncio das tarifas, enquanto os mercados financeiros no mundo eram fortemente abalados. A dependência da empresa em cadeias globais de suprimentos, incluindo fábricas significativas na China, tornou-a particularmente vulnerável à guerra comercial.
Musk havia anteriormente defendido tarifas que enfraquecessem concorrentes chineses no setor de veículos elétricos, mas enfrentou consequências inesperadas quando medidas retaliatórias da China atingiram as operações da Tesla em Xangai.

Isso agravou desafios já existentes para a Tesla, que já vinha enfrentando quedas na vendas devido ao boicote espontâneo dos consumidores relacionado com polêmicas envolvendo Musk, incluindo sua saudação claramente !azista no discurso da vitória de Trump, seu apoio e financiamento a partidos de extrema-direita na Alemanha e seu papel no desmonte de serviços públicos nos EUA à frente do recém criado DOGE (Departamento de Eficiência Governamental, em tradução livre). Vendas da Tesla chegaram a cair 70% em alguns países da Europa, a maior redução em sua história.
Outros bilionários também sofrem prejuízos
Musk não está sozinho ao enfrentar repercussões financeiras significativas. O fundador da Amazon, Jeff Bezos, viu sua fortuna encolher US$ 15,9 bilhões após as ações da Amazon despencarem devido a temores sobre custos mais altos causados pelas tarifas. Mark Zuckerberg, CEO da Meta Platforms, sofreu a maior perda diária entre os bilionários: sua fortuna caiu US$ 17,9 bilhões quando as ações da Meta recuaram 9%.
No total, os 500 indivíduos mais ricos do mundo perderam US$ 208 bilhões em apenas um dia — a quarta maior queda diária na história do Índice Bloomberg Billionaires. Bilionários norte-americanos foram desproporcionalmente afetados devido à exposição aos mercados e indústrias dos EUA sensíveis às interrupções comerciais.
A postura de Trump em meio ao turbulento cenário econômico
Apesar do caos nos mercados e das crescentes críticas, Trump permanece firme na defesa de sua política tarifária. Chamando as medidas de “remédio necessário”, ele argumentou que são essenciais para corrigir desequilíbrios comerciais e garantir acordos melhores para os Estados Unidos. No entanto, economistas alertam que essas ações podem mergulhar a economia global em recessão enquanto criam pressões inflacionárias que os bancos centrais podem ter dificuldade em conter.
Enquanto os mercados continuam em queda livre, permanecem dúvidas sobre o impacto a longo prazo da guerra comercial de Trump na economia global e em seus aliados políticos. Por ora, bilionários como Elon Musk enfrentam perdas financeiras sem precedentes enquanto as consequências dessas políticas continuam a se desenrolar.
China reage a ameaça de Trump com tarifas de 50% e promete retaliação
A escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China atingiu um novo patamar nesta segunda-feira (7), quando o presidente Donald Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 50% sobre produtos chineses, caso Pequim não revogue sua recente retaliação tarifária de 34% sobre bens americanos. A medida, anunciada por Trump em sua rede social Truth Social, intensificou as tensões entre as duas maiores economias do mundo, provocando reações duras de Pequim e aumentando a volatilidade nos mercados globais.
Trump afirmou que, se a China não recuar até esta terça-feira (8), as novas tarifas entrarão em vigor na quarta-feira (9). “Se a China não retirar seu aumento de 34% sobre seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, os Estados Unidos imporão TARIFAS ADICIONAIS de 50% sobre a China”, declarou o presidente. Ele também suspendeu negociações com Pequim e anunciou que priorizará acordos comerciais com outros países.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China classificou a ameaça como “coerção” e “chantagem”, afirmando que o país não cederá à pressão americana. “Se os Estados Unidos insistirem nesse caminho, a China não terá escolha senão levar isso até o fim”, declarou o governo chinês em nota oficial. Pequim prometeu implementar contramedidas firmes para proteger seus interesses econômicos e soberania.
A perspectiva de tarifas adicionais elevou as preocupações sobre uma recessão global, com mercados financeiros sofrendo quedas significativas. Desde o anúncio inicial das tarifas na semana passada, os índices americanos Dow Jones e S&P 500 registraram perdas históricas, enquanto mercados asiáticos, como o Hang Seng de Hong Kong, tiveram quedas recordes. O índice caiu 13%, marcando sua maior retração desde 1997.
Caso as ameaças de Trump sejam concretizadas, os produtos chineses enfrentariam uma tarifa total de 104% ao entrar nos Estados Unidos. Isso inclui uma tarifa inicial de 20%, seguida pelos 34% anunciados na última quarta-feira (2) e os possíveis 50% adicionais. Economistas alertam que essas taxas podem prejudicar tanto exportadores chineses quanto consumidores americanos, que enfrentarão preços mais altos em diversos produtos.
A retórica agressiva de Trump gerou críticas dentro e fora dos Estados Unidos. Economistas apontam que a estratégia pode ser contraproducente, já que a China possui diversas alternativas para retaliar além das tarifas diretas. Entre as opções estão restrições às exportações de elementos químicos e minerais essenciais para a indústria americana, além da interrupção das compras agrícolas dos EUA.
Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit, afirmou que aumentar ainda mais as tarifas pode ter pouco impacto prático. “Com a China já enfrentando uma tarifa acima de 60%, um aumento para 50% ou até mesmo 500% não mudará significativamente o cenário”, comentou.
Além disso, líderes empresariais americanos expressaram preocupação com os efeitos das tarifas sobre cadeias de suprimentos globais e custos operacionais. Setores como tecnologia, automotivo e agrícola estão entre os mais vulneráveis às represálias chinesas.
Com as tensões comerciais atingindo novos níveis, especialistas temem que o conflito possa se transformar em uma guerra econômica prolongada. As ações unilaterais dos Estados Unidos foram criticadas como protecionistas e contrárias às regras do comércio internacional. Enquanto isso, Trump defendeu sua abordagem como necessária para corrigir déficits comerciais e proteger empregos americanos.
A incerteza em torno das tarifas continua a abalar os mercados financeiros globais, enquanto investidores aguardam os próximos passos dos dois países. Se nenhuma das partes recuar, as repercussões econômicas podem ser profundas, afetando desde grandes corporações até consumidores comuns dos dois lados do Pacífico. O mundo teme até mesmo uma grande recessão e, historicamente, recessões mundiais precederam as Grandes Guerras.