OPINIÃO | Graco falou muito, mas não falou tudo

Foto: Divisão de Fiscalização da Semam/Divulgação

O presidente do sindicado das empresas de hospedagem e alimentação de João Pessoa, o Senhor Graco Parente, criou uma lógica toda sua, para justificar os números do COVID e livrar de culpa o setor que representa.

Cumpre apenas seu papel protocolar.

Segundo ele, os bares e restaurantes estavam fechados (contra a vontade do setor) no final de ano e mesmo assim os números de casos de COVID aumentaram.

Faltou explicar as festas clandestinas dentro de bares na capital, a ocupação acima do permitido e as multas aplicadas pelos órgãos de fiscalização por encontrar inúmeras irregularidades no cumprimento dos decretos e portarias de combate a COVID-19 pelos seus filiados.

Fonte: Portal G1

O apelo é sempre o mesmo: empregamos pais de família. Nessas horas não tem redução de salário por redução de jornada. Não tem contratação majoritária de horistas, com salários abaixo do mínimo constitucional. Não tem prorrogação de prazos e suspensão de obrigações tributárias e uma série de medidas para aliviar a situação do setor durante a pandemia.

“Farinha pouca, meu pirão primeiro”

O SEHA-JP representa os donos de hotéis, bares e restaurantes, não os trabalhadores do setor, lembrados apenas quando são necessários para conseguir as benéfices do setor público.

Para termos uma ideia clara do que está em jogo, não se acha notícia na imprensa de nenhuma ação social do setor durante a pandemia (ou antes). Nenhuma cesta básica distribuída, nenhum álcool gel entregue, nenhuma máscara oferecida e muito pelo contrário, encontramos o setor pedindo ajuda ao poder público, já em maio de 2020, e ameaçando demissões (dos pais de família):

“Precisamos pensar no futuro. Não existe turismo sem rede hoteleira. Se o governo não nos ajudar, muitos hotéis vão fechar”, afirma Graco Parente, presidente do SEHA-JP.

O momento é crítico. Vidas estão em jogo. As novas cepas estão levando jovens de 20 anos, 25 anos. Não encontramos o mínimo de empatia com o sofrimento e a dor de quem perdeu um parente ou um amigo, para a COVID.

Deveríamos estar escrevendo sobre a generosidade dos nossos empresários. Sobre como estão ajudando a cidade e o Estado a saírem mais rapidamente da crise, fazendo doações, arrecadando donativos, fazendo campanhanhas de conscientização, dando o exemplo.

Mas não aqui, onde na lógica empresarial dominante, um CNPJ vale mais que uma vida.

Por J. Laurentino

Esse texto foi recebido por colaboração independente e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal NegoPB.