Estamos prestes a criar uma nova divisão no Brasil. Em breve seremos classificados entre “vacinados” e “não vacinados”.
Isso porque a demora do governo Bolsonaro em estabelecer um plano de vacinação nacional e sua resistência em providenciar acesso à população brasileira a todas as vacinas em produção, coloca o Brasil à deriva no mundo.
O absurdo é tão gritante, que aguardamos uma decisão do Supremo para dia 17, definindo se o governo apresenta em 30 dias ou não, um plano de vacinação nacional. O Congresso, já anunciou que com governo ou sem governo, fará o seu próprio plano de vacinação.
É uma zorra. Para não dizer patifaria.
O governo “muito operoso”, aguarda como a única “maça da cesta” que a vacina de Oxford funcione. É um risco que nenhum governo/país deveria querer correr. O próprio Reino Unido, sede da secular Universidade de Oxford, está iniciando sua vacinação com a Pfizer, norte americana.
O critério é que funcione e imunize, não a origem. Não é o caso brasileiro, que já rejeitou a CoronaVac, chinesa, por ser chinesa.
As nossas famílias ricas, nacionalistas e patrióticas, já estão com passaporte na mão para embarcar para a Europa e Estados Unidos em busca da imunização.
Deixaremos de ser brancos e pretos, direita e esquerda, mortadela e coxinha, para sermos agora “vacinas e não-vacinados”.
Quando essas famílias e indivíduos voltarem ao Brasil, serão a “elite da elite”. Imunes ao coronavírus, não precisarão se submeter aos protocolos sanitários. Provavelmente irão exigir alguma identificação, uma espécie de “passe livre”, para voltar suas vidas ao normal.
Será o nosso “novo” fosso social. A linha que nos separa e nos dar e tira direitos.
Para eles, será um novo mundo, sem o risco de contaminação pela doença, poderão voltar as suas rotinas sem medo, sem apreensão e com perspectiva de futuro.
O restante de nós? Iremos aguardar, expostos ao vírus, a corrida internacional pela proteção sanitária. Seremos vacinados?
Provavelmente sim, por Bolsonaro ou por Dória, todos seremos vacinados. Nesse jogo, prevalece o interesse das gigantes multinacionais da saúde que investiram milhões para a produção da vacina e agora querem seus bilhões de recompensa.
É o “justo”, em tempos de pandemia.
Por J. Laurentino
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