Pouco importam os costumes, é o risco fiscal e a expectativa do mercado financeiro quem definirão se Bolsonaro é melhor que Lula. Ou não. Melhor, no sentido de ser mais “viável” à serviço do grande capital na cadeira da presidência.
Em português livre, pouco importa que Joãozinho use rosa e Mariazinha vista azul, são as reformas e a capacidade política do governo em realizá-las que estão em jogo.
Cores de roupas, armas, misoginia, homofobia, tortura, racismo, mansões, aglomerações e desfiles sem máscara, são, além de passatempos para o presidente, apenas agrados a boiada bolsonarista, ou seja, enquanto o capim estiver verde, o gado está feliz.
O liberalismo de Bolsonaro será testado como nunca, exatamente no momento em que ele descamba para o populismo de ocasião. Se der uma “fraquejada” e passar a impressão, mínima que seja ao mercado, que não é capaz de tirar as reformas do papel, será cuspido da presidência feito chiclete velho. O impeachment não está descartado.
Lira foi colocado lá para garantir isso.
O mergulho para baixo da bolsa, na tarde de ontem, e o voo do dólar pra cima, explicam bem os temores dos especulares com o retorno de Lula ao jogo político após a decisão do Ministro Edson Fachin, anulando a lambança de Sérgio Moro e Dallagnol na Lava Jato.
Os receios com Lula pairam em torno do aumento dos gastos públicos com auxílios e programas sociais, revogação do teto de gastos, ampliação do auxílio emergencial, entre outros, diminuindo o espaço no orçamento público para o superávit primário e o pagamento dos juros da dívida pública brasileira. Atualmente, rigorosamente em dia, enquanto a fome e a miséria circulam livremente pelo país.
Com Bolsonaro e Guedes no poder, a turma do rentismo e da especulação, os verdadeiros donos do Brasil, sabem que o sacrifício sempre será no lombo do trabalhador, como foi na reforma da previdência e está proposto no novo pacto federativo e na reforma administrativa. A redução drástica do auxílio emergencial para menos da metade dos R$ 600,00 também entram nessa conta, assim como a exploração comercial de reservas indígenas para mineração e extração madeireira. O capital precisa ser realocado constantemente em novos negócios. Dinheiro precisa circular para dar lucro.
Para conhecimento, e conhecimento nunca é demais, os grandes bancos mundiais, seja como instituições financeiras ou fundos de investimento, detém 47,5% da dívida pública brasileira. Entre estas instituições estão: Banco do Brasil, os norte americanos Merryl Lynch, JP Morgan e Goldman Sachs, Bradesco, BTG Pactual, o suíço Credit Suisse, o espanhol Santander, Votarantim, Itaú e as corretoras XP Investimentos, BGC Liquidez, Renascença DTVM, entre outros.
Para ficar mais transparente, a dívida pública brasileira somou em 2018, R$ 3,87 trilhões, e em 2019 R$ 4,24 trilhões. Em 2020 foi sancionada a Lei Orçamentária Anual – destinando R$ 1,603 trilhão para o pagamento da Dívida Pública Federal, sendo R$ 409,6 bilhões para o pagamento de “Juros/Encargos da Dívida Pública” e R$ 1,193 trilhão para “Amortizações”.
Aquelas mesmas instituições financeiras e seus acionistas é que irão embolsar essa grana toda dos nossos impostos. E você achando os 4 bilhões da lava jato “recuperados” uma grande coisa na história do Brasil… rsrsrs.
Resumindo, pacientes leitores, pouco importam os costumes, são as reformas que irão garantir o pagamento dos juros da dívida pública, cortando despesas e investimentos, sucateando o serviço público e reduzindo os programas sociais e assistenciais. São as reformas que interessam aos donos do Brasil. Bolsonaro é só uma ferramenta na mão do mercado financeiro. Se não cortar bem, não servirá para nada.
Lula voltará nos braços do “povo”.
Por J. Laurentino
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