PDT e PL fazem acordão para retirar AIJEs, mas esquecem de combinar com o Ministério Público Eleitoral

O PDT e o PL, decidiram subitamente desistir das Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJEs) que moviam um contra o outro por supostas fraudes à cota de gênero nas últimas eleições municipais em João Pessoa. Os pedidos de arquivamento foram apresentados à juíza Silvana Pires Brasil, da 70ª Zona Eleitoral, na terça-feira (17), apenas um dia após a diplomação dos eleitos. Aparentemente, o acordo visava evitar danos maiores a ambos os lados, mas os partidos parecem ter ignorado um detalhe crucial: o Ministério Público Eleitoral (MPE) não parece disposto a se juntar a esse “acordo de comadres”.

O MPE já deu sinais de que não está disposto a engavetar as acusações. Ao que tudo indica, o órgão avalia as provas reunidas nos processos e pode optar por assumir a titularidade das ações, dando continuidade às investigações por conta própria. Se assim for, o acordo costurado entre PDT e PL pode “dar com os burros na água” e as ações serão julgadas.

O assunto foi abordado pelo jornalista Gutemberg Cardoso no Paraíba Agora, confira:

Contexto das AIJEs

Nas AIJEs levantadas pelos dois partidos, o PDT acusava o PL de fraudar a cota de gênero nas eleições para vereador de João Pessoa, o que poderia colocar em risco os mandatos de Carlão Pelo Bem, Durval Ferreira e Fábio Lopes, além dos suplentes Éder da Jampa, Sargento Rui e Caio Policial. Por outro lado, o PL, em uma clara contraofensiva, também acusava o PDT de irregularidades semelhantes, o que ameaçava os mandatos de João Almeida e Marcos Vinícius, além dos suplentes Kleber Geraldo, Junior Leandro e Nenem de Seu Mano.

A retirada das ações foi vista por muitos como uma tentativa de evitar que as investigações se aprofundassem e revelassem irregularidades que poderiam desestabilizar as chapas de ambos os partidos, principalmente após a diplomação dos eleitos. Contudo, o movimento também deixou claro que tanto o PDT quanto o PL tinham receios quanto às consequências das AIJEs, sugerindo que havia algo a temer de ambos os lados.

Se o MPE entender que há indícios consistentes de fraude envolvendo as chapas de ambos os partidos, isso justificaria a continuidade das investigações e AIJEs seguiriam em frente com os partidos tendo que lidar com as consequências de suas próprias acusações.

Tiro pela culatra

O suposto “acordo de comadres” entre PDT e PL, que parecia ser a solução ideal para evitar desgastes, corre o risco de se tornar um tiro pela culatra. Ao retirar as AIJEs, os partidos buscaram evitar a exposição pública de possíveis irregularidades em suas chapas, o oposto do que aconteceu.