Secretário da Otan propõe ‘mais armas para a Ucrânia’ e que China ‘pague’ por apoio à Rússia

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, afirmou, nesta segunda-feira (17), ser vital um fluxo permanente de armamento ocidental, para que seja possível a paz na Ucrânia, fazendo um chamado para “fazer a China pagar” devido ao seu apoio à Rússia. 

“Pode parecer um paradoxo, mas o caminho para a paz envolve mais armas para a Ucrânia”, disse Jens Stoltenberg no Wilson Center durante visita a Washington. 

Stoltenberg, que logo deixará seu cargo à frente da OTAN, chegou à capital dos EUA, a fim organizar a próxima cúpula da aliança militar, que será realizada em julho.

O secretário declarou também que o presidente chinês, Xi Jinping, “tenta passar a impressão de que neste conflito está sentado no banco de trás, para assim evitar sanções e manter o comércio funcionando”.

“Mas a realidade é que a China está alimentando o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial e, ao mesmo tempo, quer manter boas relações com o Ocidente”, disse ele.

“Pequim não pode ter ambos. Em algum momento – e a menos que a China mude seu rumo – os aliados devem fazê-la pagar um preço. Deveria haver consequências”, disse o chefe da OTAN.

A Aliança Militar liderada pelos Estados Unidos critica a ajuda à campanha militar russa dada pelos chineses e suas empresas, responsáveis por fornecer componentes e equipamentos para a reconstrução e a manutenção do setor de defesa de Moscou.

Pequim, por sua vez, reafirma que não oferece qualquer apoio armamentista à Rússia.

O governo chinês não compareceu à cúpula de paz ocorrida, no último fim de semana, na Suíça, promovida pelo atual presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que reafirmou o pedido de Kiev para que a Moscou retire suas tropas do território para pôr fim ao conflito.

A Rússia, por sua vez, insiste em dizer que quer diálogo, mas que só participaria de negociações de paz se a Ucrânia se retirasse das quatro regiões parcialmente ocupadas por tropas russas.

Stoltenberg destacou também que a aliança assumirá o apoio militar ocidental à Ucrânia, até agora comandado pelos EUA, para consolidá-lo a longo prazo. Segundo diplomatas ligados à OTAN, isto busca garantir que a ajuda militar não seja interrompida por uma decisão da Casa Branca em caso de uma vitória do ex-presidente Donald Trump, que já disse querer acabar com a guerra.

Jens Stoltenberg comemorou o acordo do G7 na semana passada, na Itália, sobre um empréstimo de 50 bilhões de dólares (R$ 263,3 bilhões) aos ucranianos com ativos russos congelados pelo Ocidente. Ele também declarou que a visita de Vladimir Putin à Coreia do Norte, comandada por Kim Jong-Un, combrova que Moscou se tornou “dependente” de líderes autoritários.

“Isto demonstra o quão dependentes o presidente Putin e Moscou são agora de países autoritários em todo o mundo”, disse Stoltenberg à imprensa em Washington. “Seus amigos mais próximos e os maiores apoiadores do esforço bélico russo (são) Coreia do Norte, Irã e China”, disse ele.

Mencionando um número obtido pela inteligência sul-coreana, Stoltenberg também afirmou que Pyongyang já entregou um milhão de projéteis aos russo: “Este fluxo de armas continua. Nós os vemos carregando vagões e depois cruzando a fronteira entre a Coreia do Norte e a Rússia”.