Ex-servidora que repassou R$ 647 mil a Carlos Bolsonaro vende quentinhas

A ex-servidora municipal Juciara da Conceição Raimundo é apontada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como uma figura central em um suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), na Câmara Municipal do Rio. Atualmente, ela leva uma vida simples e tem como principal fonte de renda a venda de quentinhas através de sua empresa Jucilegal.

De acordo com o relatório do MP-RJ, Juciara teria feito 219 transferências para o chefe de gabinete do filho “zero dois” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jorge Luiz Fernandes, totalizando R$ 647 mil. Ela é a segunda ex-funcionária que mais fez transferências para o chefe de gabinete Jorge Luiz Fernandes, conhecido como Jorge Sapão.

A movimentação financeira obtida pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada é um indício consistente de prática criminosa e faz parte da diligência que apura suspeita de ‘rachadinha’ no gabinete de Carlos na Câmara Municipal.

O material levantado pela equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio mostra ainda que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas de Carlos Bolsonaro. A investigação apura se os pagamentos foram eventuais ou regulares.

Movimentação financeira

O laudo constatou ainda que, entre 2009 e 2018, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro recebeu créditos também dos seguintes funcionários:

Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos)

Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos)

Alexander Florindo Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos)

Thiago Medeiros da Silva (R$ 52 mil, em 18 lançamentos)

Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83 lançamentos).

A investigação do MP-RJ sobre a prática de rachadinha foi iniciada com base em reportagem publicada pela revista Época, em junho de 2019, revelando que sete parentes de Ana Cristina Valle, ex-esposa do ex-presidente Bolsonaro e madrasta do vereador, foram empregados no gabinete de Carlos, mas não compareciam ao trabalho.