O que diria o velho Ulisses Guimarães ao ver o “seu” (P) MDB abrindo espaço para militares disputarem eleições pela legenda?
Pergunto, pois foi divulgada na manhã da última sexta (11) o nome de um militar do exército brasileiro, da ativa, para compor chapa com o multishow Nilvan Ferreira, pelo MDB, o novo “P” MDB.
Para quem desconhece a história, como principal partido político brasileiro de oposição a ditadura militar, implantada pelo golpe de 1964 e que durou 20 anos, fechando o Congresso Nacional, suspendendo eleições diretas, perseguindo, matando, torturando opositores e censurando a imprensa, foi o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) quem liderou os movimentos pela redemocratização e pelas eleições diretas (Diretas Já).
Em João Pessoa, o PMDB, agora MDB, aceitar na composição da chapa majoritária um militar da ativa, “indicado” pelo Palácio do Planalto, segundo dizem, é trair a história e o passado da legenda.
Se não tivesse morrido, mataria de desgosto o velho Ulisses.
É o vale tudo eleitoral. É a falta de identidade partidária e ideológica que tornam a política brasileira esse “balaio” de todos juntos segundo interesses nada republicanos.
Não me entendam mal, nada tenho contra o Major Eduardo Milanez, não é contra a sua pessoa que direciono minha crítica, mas ao MDB, que ao aceitar um militar, especialmente da ativa, na composição da chapa em João Pessoa, escancara o oportunismo eleitoral ao tentar “surfar” a onda da direita protestante/militarista, sem respeito a sua própria história.
Flerta com o poder em detrimento da própria democracia que já defendeu.
O que diria Ulisses Guimarães?
Por J. Laurentino
Este texto foi recebido por colaboração independente e não reflete, necessariamente, a opinião do Portal NEGOPB.